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3 recomendam2 min3 de outubro de 2016 3 minutos de leituraA condenação da postagem de Mônica Iozzi*Imagem: reprodução do Instagram de Mônica Iozzi
Ela é linda é talentosa. Como reporter no CQC transitava com naturalidade nos corredores do Congresso e deixava os políticos em saias justas. Posteriormente, contratada pela Globo e com o objetivo de seguir a carreira de atriz, Mônica Iozzi apresentou o Vídeo Show ao lado de Otaviano Costa e literalmente levantou a audiência do programa que estava em baixa.
Todo esse carisma atraiu milhares de seguidores e a atriz e apresentadora nunca escondeu suas opiniões, as vezes polêmicas, sobre assuntos de interesse público, sobretudo política, através das redes sociais. Foi dessa forma que ela acabou comprando uma briga com o ministro do Superior Tribunal de Justiça, Gilmar Mendes, a quem ela, em sua conta no Instagram, sugeriu ser “cúmplice” do médico Roger Abdelmassih, indiciado por estupro e manipulação genética. No post ela questionava o habeas corpus concedido por Gilmar Mendes ao médico condenado, com uma foto em que o ministro aparecia com a palavra “cumplice ?” por cima de seu rosto. A legenda complementava : “Gilmar Mendes concedeu habeas corpus para Roger Abdelmassih, depois de sua condenação a 278 anos de prisão por 58 estupros” . No comentário, ela escreveu: “Se um ministro do Supremo Tribunal Federal faz isso… Nem sei o que esperar”.
O ex-médico Roger Abdelmassih, de 72 anos foi condenado a 181 anos de prisão. Atualmente, cumpre pena no presídio de Tremembé, interior do estado de São Paulo. Em 2010 ele foi condenado a 278 anos de prisão, mas não foi preso graças ao habeas corpus do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que deu o direito de responder em liberdade. Em 2011, quando o habeas corpus foi revogado, ele não se apresentou e passou a ser considerado foragido. Foi achado em 2014, pela Polícia Federal, morando no Paraguai, e trazido para o Brasil. No mesmo ano, a pena foi reduzida para 181 anos, 11 meses e 12 dias pelo Tribunal de Justiça de São Paulo.
O ministro do STF ganhou a ação que moveu contra Mônica por danos morais na qual pedia R$ 100 mil em indenização, sob o argumento de que foi “vítima de ofensas à sua honra”. O juiz responsável pela ação reduziu o valor para R$ 30 mil e , em seu parecer, afirmou que Monica é uma pessoa pública, portanto “sua liberdade de expressão deve ser utilizada de forma consciente e responsável”. Ele ainda acrescentou que o comentário da apresentadora teria sugerido que Gilmar Mendes foi cúmplice dos estupros, “tornando questionável o seu caráter e imparcialidade na condição de julgador, fato suficiente para atingir sua honra e imagem”.
Hoje, a decisão está em todos os principais veículos de notícias e traz a tona a fragilidade das redes sociais como catalizadoras das mais diversas opiniões. Via de regra, quando as pessoas postam nas redes, o fazem de modo privado, em seus computadores pessoais e smartphones, sem ter a exata medida da publicidade que as postagens podem atingir. No caso de Mõnica, isso se agravou por ela ser uma pessoa pública, cuja palavra ou opinião pode ter um peso relevante, justamente pelo alcance que sua visibilidade lhe confere.
Para nós, simples mortais, serve de lembrete de que do outro lado da rede, da tela, do “mundo”, existem pessoas, lendo e acolhendo ou não tudo aquilo que é escrito. Nesse caso, a internet não tem apenas voz, mas também “ouvidos” e embora seja uma ferramenta muito útil requer responsabilidade e equilíbrio.
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