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Dia das Mulheres
8 de março: Feliz dia da mulheres !nOs outros 364 dias: Dê-se ao respeito para não ser estuprada e arranjar um marido !

Sentou-se no chão, bem ali. Encostada na parede. Sentia-se meio seca. Suas causas já não faziam tanto sentido. Já não sentia falta dos amigos. O seu amor já era.

Nunca fora, na verdade, amor. Nunca soube o que é amor, os seus pais não lhe ensinaram.

E a sua pele morena lhe dava raiva. Tudo lhe dava raiva. Não, não. Estava seca. Não sentia raiva. Sentia… nada.

Mas tinha desejos. Desejava sentir-se melhor. Não estava bem. Estava a uma distância significativa do ‘bem’.

Entretanto, contam as lendas que o amor é bom. Queria ser amada.

Ficou ali, em seu cantinho. Uma coisa pequena, encolhida. Na verdade, não estava seca, estava ferida. Ferida por dentro, por isso não o sabia.

Pedia que alguém a amasse. Pedia socorro, mas ninguém aparecia. As pessoas, na verdade, nem a olhavam. Ficou lá. Sozinha.

Desejou ser outra coisa. Desejou ser branca, ser homem, ser hétero. Talvez a amassem assim.

Tadinha.

Ela não imaginava e ninguém lhe falaria. Na verdade, o amor vem de dentro. A cura.

E por isso sofria.

Quando vem de dentro não tem jeito. O jeito é se curar. O jeito é se amar.

Ninguém lhe falou.

O seu pai não falou. A mãe não sabia.

Doeu mais.

Ninguém a amou.

Ficou ali. Sozinha.

Abgayl Cardoso