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O adulto adolescente
Se você acredita que qualquer pessoa acima dos vinte e poucos anos já é adulta, engana-se. A maturidade emocional segue um ritmo bem diferente da maturidade biológica. E você pode ser um adulto adolescente.

A fase da adolescência, basicamente, é considerada a intermediária entre a infantil e a adulta. É onde ocorrem diversas transformações, autoafirmação, descobertas, experiências, desafios que nem sempre são fáceis de lidar. É o tal do “eu não sou mais criança, me deixa que eu sei o que estou fazendo”. No entanto, é também o período onde muitos exteriorizam a sua hostilidade principalmente diante dos seus objetos de amor/ódio, os pais, impulsionados por suas carências e frustrações vividas na infância. Os anos passam e a criatura estaciona por aí, sem saber muito bem do seu eu – o ego, travando conflitos que o acompanharão até que este ciclo da vida se feche e possa, finalmente, debutar na fase adulta.

Vê-se, atualmente, um número bem expressivo de pessoas consideradas ‘adultas’biologicamente falando, mas que não o expressam em seu comportamento (resultante da sua imaturidade emocional). A sua mãe paga o seu plano de saúde porque o seu dinheiro é para ‘outras coisas’; custam a assumir um relacionamento sério (namoro) e quando o fazem ou traem pra caramba ou são corretos mas o mantêm por longo período e não dão um passo adiante (casar, morar junto, enfim); geralmente ainda moram com os pais e sonham em morar sozinhos (só que não); extremamente inseguros, porém precisam provar para si mesmos ou para os pais que são capazes mesmo que botando os pés pelas mãos; não sabem lidar com dificuldades, se frustram e descarregam em algo (bebida, cigarro, entre outros); teimosos e/ou enrolados.

“Alguns sucumbem no meio dessas descobertas e se refugiam em novas verdades finais e absolutas e se resguardam na zona de conforto do cotidiano previsível. Outros sobreviventes começam a adotar uma postura cínica e desacreditada da vida e se arrastam de desilusão em desilusão.” Frederico Mattos, psicólogo.

Amadurecer é um processo interno que implica em um conjunto de fatores, dentre eles, a capacidade de se lidar com as adversidades, a consciência de que o mundo não é tão cor-de-rosa assim, que se deve assumir as responsabilidades pelos nossos atos e escolhas, que é doloroso. É absorver a compreensão de que maturidade não é sinônimo de caretice e muito menos de velhice. Aliás, envelhecer sem amadurecer gera uma grande dívida com o seu emocional e o seu psiquismo. A sua esfera fantasiosa continuará circundando em meio aos seus ideais adolescentes ao passo que a própria vida lhe exigirá o tal amadurecimento. E se você não acompanhar o ritmo corre um grande risco de perder pessoas e oportunidades tão legais e tão importantes e seu saldo de frustrações só irá aumentar. Mas não esqueça: um dia a corda arrebenta. Cresça.

Resumindo, a adolescência tem hora para começar, agora terminar já são outros quinhentos. A propósito, você é adulto ou adolescente?

Grande abraço,

Ana Cruz – psicanalista

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