A conversa ou discussão é velha, mas a grande maioria das pessoas que entraram no mundo da fotografia de 5 ou 10 anos pra cá, pouco ouviu ou mesmo pouco sabe sobre o tema. Quem começou a fotografar antes, na era do filme, precisou se adaptar, de uma maneira ou de outra (tranquila ou na marra) à realidade que vinha ora ficar: o mundo da fotografia digital. Como toda e qualquer comparação, é muito difícil ter um vencedor só com vantagens. Especialmente quando tratamos de um tecnologia nova, que tem 50 anos de vida (sensores digitais), mas que pro consumidor em geral, só tem uns 15 anos com real uso.
Quando falamos de filme, muitos veem nostalgia, sem analisar especificamente o fato. A transição para o digital foi obrigatória (mesmo que alguns ainda usem filme, algo mais difícil de encontrar hoje em dia), mas para alguns o filme ainda deixa saudades.
Existe alguma vantagem do filme vs o digital? Não vamos aqui falar de armazenamento, custo ou qualquer coisa do gênero. Vamos falar de qualidade de imagem.
Três fatores podem ser considerados quando falamos de qualidade: resolução, latitude, profundidade de cor.
- Quando falamos de resolução, a comparação de um filme 35mm com um sensor moderno mostra que hoje em dia há pouco com o que se preocupar. É de senso comum, que um filme muito bem exposto, com uma lente ótima, com ASA bem baixa, tem uma resolução em torno de 20 megapixels equivalente ao digital. E mais, um filme quando ampliado para impressão, em dimensões grandes, mostra a granulação que é inerente ao filme. Já sensores digitais tem o que chamamos de ruído, pouco presente em ISO baixo.
- Latitude, a capacidade de captação com detalhes da área mais escura até a área mais clara de uma imagem, é algo mais sujeito a discussões e opiniões. Principalmente porque podemos comparar o arquivo digital (raw de preferência) com os dois tipos de filme: positivo ou negativo. Hoje, o filme positivo, perde do digital, que tem melhor latitude. Mas o digital ainda perde do negativo, que tem imensa latitude de exposição. A diferença é como expor: o negativo tem sombras com poucos detalhes mas suporta grande superexposição. Resumindo: eu fazia minha exposição, com o negativo, para dar detalhes nas sombras, pois as áreas de altas luzes eram facilmente preservadas e recuperadas com o negativo. Sem contar que a transição da área estourada pra área com detalhe, no negativo, é suave e agradável. No digital, tenho que preservar as áreas claras, pois a mesma transição é muito desagradável visualmente. link de exemplo: exemplo de luz estourada
- Profundidade de cor: o filme não necessita de interpolação pois grava muito mais que os 8 ou 12 bits de informação por pixel (de cada cor). O filme recorda pelo menos 24 bits de informação por cor. O digital por outro lado interpola (faz uma “adivinhação”) para chegar no mesmo nível de informação de cor. Assim temos uma precisão maior com o filme.
Dito isso, algumas vantagens como iso absurdamente alto é uma característica do digital hoje em dia. Temos câmeras com ISO 51200 ou até 409600!
No frigir dos ovos, ambos tem vantagens, mas hoje o custo e facilidade do digital são imbatíveis. Mas pra nós que trabalhamos com filme, ainda é difícil aceitar as cores do digital, que são meio entediantes, sem um “caráter” próprio.