A fotografia de rua foi sem dúvida alguma algo espetacular, novo e criativo no passado. Quando as câmeras de mão vieram, com seus disparadores que faziam fotos em milésimos de segundos, potencializados por lentes rápidas. A vontade de registrar o mundo, que antes foi da pintura, era substituída pela câmera fotográfica. E grandes fotógrafos, como Daido Moriyama, Cartier Bresson, Koudelka, entre outros verdadeiros artistas.
Com a fotografia digital, tivemos outros nichos se disseminando, inclusive fotos com forte influência de editores de imagem. A criação ficou mais livre, mais fácil e também mais criativa, sendo redundante. Mas a fotografia de rua, de momentos, acabou ficando pra trás.
O curioso é que a fotografia de rua ainda deveria ter um valor tão alto como qualquer outra. Ainda é muito mais difícil pensar em poucos segundos e conseguir uma boa foto, do que ter muito tempo para produzir uma cena toda. Literalmente encenada.
Culpa do mercado e tecnologia, mas também dos fotógrafos. Nunca vi tantas fotos ordinárias como estão sendo produzidas hoje em dia. Fotografia de rua virou usar uma lente longa, não chegar perto das pessoas e tirar retratos “naturais”. Ou ainda pior, tirar um monte de fotos de mendigos. A visão da maioria dos iniciantes é que fotografar os mendigos é uma grande fotografia. Sem pouco conhecê-lo ou mesmo saber porque o está fotografando.
Fotografia de rua é muito mais que isso. Não custa nada olhar os fotógrafos que começaram a fazer isso no século passado. Prestar atenção em luz, situações inusitadas, pessoas realmente diferentes e outros. Fotografia de rua não é só fotografar miséria, gente triste ou pensativa, mas sem expressão alguma.
Faça fotometria antes, num cinza médio, e saia fotografando apenas pensando em composição, luz e originalidade.