Não me lembro qual foto que eu mostrava para uma classe que dava aula, mas ao falar da mesma, disse que a foto era fantástica. Uma aluna, com razão me perguntou: mas o “fantástico” não é relativo?.
A questão tem mais que um lado. Obviamente que o que agrada a um não necessariamente agrada a todos ou mesmo a maioria. Mas isso, felizmente, não muda o que é trabalhado e o que tem valor, e o oposto também. O leco leco, lepo lepo ou sei lá (que nunca ouvi, só vi o nome na uol), não será nenhuma obra prima nem hoje nem amanhã, nem daqui 100 anos. Boa música, bem feita, não depende do gosto popular. A cultura de massa não muda o valor de uma obra. Um Picasso vale muito não por acaso. Um Rodin, idem. A pintura de um iniciante que ainda está aprendendo, por mais criativo que seja, ainda é barata e não vale 1 décimo de um grande pintor. Um escritor idem. Machado de Assis não deixará de ser um grande escritor nem daqui 100 anos.
Por que a fotografia seria diferente? Porque hoje qualquer um pode tirar uma fotografia? Isso muda apenas o acesso, não a história da fotografia como criação e arte.
A foto de Andreas Gursky é considerada por muitos algo estranho (foto da chamada) . Vale nada menos que aproximadamente 4.4 milhões de dólares. Por quê? Porque não interessa o quanto a fotografia está se tornando popular, quem decide o que é bom e o que vale dinheiro de verdade ainda será um curador de fotografia. Que com certeza entende de fotografia como arte, entende de arte.
A cultura de massa pode muito bem diminuir e muito a quantidade de trabalhos bem feitos, já que a necessidade de agradar o popular faça o fotógrafo procurar o imediato como ganha-pão. Mas tirar o valor do que é bom e vale muito financeiramente, isso, é impossível ser feito.