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Vida de fotógrafo é dura
Ser fotógrafo nos dias de hoje é tarefa das mais difíceis

“Meu nome é Kainoa Little, e eu sou um Shoreline (linha aonde a água encontra a terra), fotógrafo de conflito baseado em Washington. Eu estava em Mosul em abril e maio de 2017, documentando as forças iraquianas enquanto lutavam com militantes do Estado islâmico para libertar a cidade.

Eu tentei e não consegui encontrar jornais e agências de notícias que comprariam minhas fotos. Mas os soldados me alimentaram e me deram um lugar em seus Humvees, e os refugiados toleraram minha presença em alguns dos piores dias de suas vidas. Eles certamente esperavam que eu contaria sua história.

A pior incerteza para mim como freelancer em conflito não é que eu não consiga pagar meu aluguel; É que ninguém verá a história, e então não conseguirei dar voz aos que não são ouvidos. Então eu tentei compartilhá-los onde posso, e esperançoso que as pessoas possam imaginar a tragédia humana e triunfo em Mosul.”

O relato acima mostra a realidade dos tempos modernos da fotografia. Um fotógrafo de guerra, um dos mais difíceis trabalhos a que um profissional pode se propor a fazer, sem ninguém que se interesse pelas suas fotos. 

Dois pontos devem ser pensados, além claro da evidente competência do fotógrafo, que fez ótimas e belíssimas fotos do ocorrido. 

Primeiro devemos entender, ou tentar pelo menos, que as tragédias humanas que viraram recorrentes na vida do ser humano moderno parecem não chocar mais as pessoas. Você ouve as maiores barbaridades vindas dos quatro cantos do mundo. Mas o mundo não para. Passa-se algumas horas e as pessoas já estão prontas pra postarem me suas redes sociais seus pets, seus almoços e memes sem fim. Claro, isso depois de terem nas mesmas redes demonstrado sua “revolta” com alguma das tragédias citadas. Paulatinamente o ser humano está num processo de se conformar que existe outro, outros ou milhares e milhões que estão em sofrimento. Na cabeça deles cabe o pensamento: é simplesmente a vida. 

O segundo ponto é como a democratização da fotografia trouxe também a banalização dela. Fotografar era especial. Fotografar era pra quem amava uma imagem. Hoje é para quem se ama. E ama postar em redes sociais indiscriminadamente, sem freios ou bom senso. Não há dúvidas que o efeito colateral da imagem digital, da internet e das redes sociais é a patente desvalorização da imagem como expressão artística.

Lamentavelmente, imagens apreciadas são aquelas que nos remetem exclusivamente ao nosso meio social, seja qual dos ordinários (e sempre é) ele for.

Comentários (1)
    • harnebach 2017/12/06

      a grande mídia escolhe por quem devemos sofrer, nesse caso ninguém tem interesse porque coloca todos os governos em cheque uma vez que o crescimento do Estado Islâmico é tolerado por diversos governos. Triste realidade do mundo moderno..