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Zona da confusão ou desconforto
É preciso superar a zona de confusão e desconforto pra se dar bem na fotografia

Pra tudo na vida existe uma curva de aprendizado. Desde aprender a pegar num garfo e faca pra comer até dirigir um carro. As mais diversas dificuldades são enfrentadas e transpostas. Em qualquer profissão existe o mesmo. Uma curva de aprendizado que pode ser aguda ou não. Pode ser de fácil absorção ou não. E isso depende de vários fatores. 

De qualquer forma, nessa curva podem ocorrer dois fenômenos: Uma zona de confusão e uma zona de desconforto. Ambas são necessárias para o crescimento. Pra se estabelecer em qualquer ramo que exista. 

Alguns exemplos de ambas:
Já experimentou meditar? O começo parece não tão difícil. Você tenta se concentrar, esvaziar a mente e apenas respirar por exemplo. Não pensar em nada. Com o tempo, milhares de pensamentos vem a tona. Você fica incomodado ou se perde neles. É uma zona de desconforto. Aonde você tenta algo e não consegue dominar aquilo. Essa parte é a mais importante. Aí reside o aprendizado. Transpor essa parte pra poder dominar a mente. Mas ter paciência e disciplina pra fazê-lo é o que é difícil. Alguns desistem.

Já mulheres que fazem tricôs por exemplo. É um exercício de repetição. Algo que pode deixa-la absorta ou fazê-la se perder em pensamentos. É uma zona de confusão. Aonde pode-se pensar em tudo menos no que se está fazendo. Mas pode-se também deixar todos os pensamentos fluírem até se esvaziar a cabeça. Aí só se presta atenção na atividade em si. E se domina a mesma com maestria. Esse é o objetivo principal. Estar tão absorto na atividade que se acaba tornando parte integrante daquilo.

Seja sua câmera, seja sua cena. Aprenda a participar do que vê. Sentir tudo que vê a frente. Você, câmera e cena como uma unidade. Uma junção que interage sem limitações

Li um livro, muitos anos atrás, que me foi sugerido por um professor que me achava desatento. “A arte cavalheiresca do arqueiro zen”. Resumindo, falava de um ocidental (alemão) que ia para o Oriente, Japão especificamente, e durante alguns anos ficava lá para dominar a arte de do arco e flecha. Algo que podia parecer fácil. Mas não era. Nem um pouco. A uma certa altura, o mestre mostra pra o aprendiz que ele tem que ser tornar a flecha. Ser o arqueiro e arco e flecha aí mesmo tempo. Ser uma unidade com tudo aquilo. Só assim seria um mestre.

Um ótimo livro.
Que podemos também transpor para fotografia. Uma câmera tem que ser a extensão natural do olho e do coração do fotógrafo. Um órgão a mais que tem que estar em sintonia com seu corpo. Tem que se transformar em algo natural que se absorve em seu corpo.
Voltamos então as mesmas zonas citadas ao começo do texto.
Ambas ocorrem pro fotógrafo iniciante.
A zona de confusão vem de todo aprendizado que se tenta colocar em prática. Fotometria, composição, luz. Algo que precisa ser dominado com o tempo.
A zona de desconforto vem com todos resultados indesejados. Com situações em que não se sabe o que fazer. E que a mente divaga pra outras coisas desnecessárias.
É preciso ir a fundo nas duas. Até transpor essas de forma definitiva. Algo que só é possível com insistência. Se acomodando a sentir tais sentimentos, até descartar eles por completo. Até domina-los de forma definitiva. Aonde isso de torna algo simples, fácil e rápido ser resolvido.

Aí só sobra você e a cena. E a câmera é só uma extensão do seu corpo pronta pra registrar seu momento. Único. Que representa seus olhos vendo um mundo só seu.