A notícia da semana passada no governo Temer foi a demissão pedida pelo diplomata Marcelo Calero, que era Ministro da Educação. Entre algumas declarações sobre os motivos, a mais notável e calamitosa foi de que o ministro Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo) teria o pressionado o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para que este autorizasse a construção de um condomínio com altura acima do permitido em Salvador.
“Uma situação como essa, de um ministro ligar para outro ministro pedindo interferência em um órgão público para que uma decisão fosse tomada em seu benefício, não é normal e não pode ser vista assim. Não é normal”, afirmou Marcelo Calero
Tudo porque Geddel teria um apartamento no complexo imobiliário que teve parecer contrário à sua construção e portanto estava parado. E mais, notícias dão conta que o sócio de Geddel advoga para construtora do imóvel.
“E aí, como é que eu fico nessa história?”, teria dito Geddel a Marcelo Calero em uma das suas incursões para pressioná-lo (segundo Calero)
O Brasil passa por crise moral já há algum tempo. Muito das músicas cantadas na época de Legião Urbana simplesmente são a principal verdade do país. Perguntar “Que país é este?” é tão atual que parece que muitas das reclamações de 30 anos saíram logo agora da boca das pessoas. “300 picaretas” passa pela cabeça de muitos ainda
Estamos em plena guerra contra corrupção. Vendo políticos sendo presos como nunca antes. Ex-governadores tendo suas cabeças raspadas para se dirigirem ao interior de celas que jamais “pensaram” em ter em seus interiores pessoas outrora tão importantes. O congresso, ou uma parte dele está com medo e tenta de certa forma barrar, ou melhor, mudar o projeto das dez medidas contra corrupção pedido pelo MPF e feito por convocação pública.
Tudo isso nos faria crer que, assustados, políticos freariam seus ímpetos de beneficiação própria. Se não por uma consciência adquirida, pelo menos então por medo de serem presos, afinal, as operações recentes feitas pela Polícia Federal mostram que parece não haver intocáveis no Brasil no momento. Vide os fogos de artifício ouvidos pela notícia e efetiva prisão de Garotinho.
Ledo engano. Parece não haver solução em curto prazo para os políticos brasileiros. Não há prisão que os intimide, situação que não haja possibilidade de tirar vantagem ou mesmo vergonha em querer levar vantagem. A esperança, quase morta, é que não sejam todos assim.
O caso também, após Temer ter mantido Geddel no cargo, expõe o presidente. Das três uma: ou Temer não está nem aí se Geddel realmente ter feito o que Calero disse, ou Temer deu uma reprimenda gigantesca no ministro e está dando um jeito de tirá-lo. Por fim, a terceira, Temer não acredita que o caso tenha sido como as evidências parecem deixar claro e cristalino o acontecimento. Qualquer uma das opções mostra um presidente despreparado. Tanto quanto sua antecessora, a quem ele lutou pra tirá-la.