A constituição federal de 1988 no art. 196 diz que a saúde é direito de todos e dever do estado. Em entrevista recente ao Estadão, Drauzio Varella critica o uso dessa frase como lema do SUS, sistema de saúde do Estado. Em sua opinião, isso infantiliza o cidadão, que põe nas costas do Estado a responsabilidade pela própria saúde. Ainda na entrevista, defende o SUS como exemplo em algumas frentes que se destaca frente ao resto do mundo.
Se vemos tanta gente reclamando das filas, do atendimento e tantos outros problemas no SUS, poderia estar certo mesmo Drauzio Varella?
Talvez nem tanto ao céu nem tanto à Terra.
Um ponto levantado por ele realmente é extremamente válido, o papel de nós cidadãos em nosso bem estar. Como ele diz, o slogan do SUS infantiliza o cidadão.
“Eu detesto essa afirmação. Dever do Estado não, o cidadão também tem responsabilidade pela sua saúde. Então eu fumo, bebo, passo o dia sentado, não faço exercício nenhum e na hora em que eu fico doente é dever do Estado me tratar? Isso tira a responsabilidade e infantiliza o cidadão.”- Drauzio em entrevista à repórter Sofia Patsch
Não é papel do Estado, de nenhum Estado, cuidar de pessoas que não tem o cuidado necessário com seu próprio organismo. Se mais de 50% das pessoas no Brasil estão com excesso de peso e é possível para boa parte desses controlar seu próprio peso, porque é papel do Estado arcar com as consequências de uma vida desregrada e com excessos?
Quantas pessoas são sedentárias hoje em dia? Quase 50%
E mesmo quantas pessoas abusam de álcool ou fumo e causam danos que exigem cuidados médicos?
Não é justo nem correto o Estado arcar com a saúde de pessoas que não cuidam de si mesmas. Além de tudo tais pessoas oneram não só o Estado mas o resto que paga seus impostos e leva uma vida com saúde sem causar os mesmos custos ao Estado.
O Estado deveria acima de tudo fazer campanhas para a educação preventiva do cidadão. Pra que ele entenda que lhe dar atendimento médico não significa cuidar de uma pessoa que não tem cuidados com sua própria saúde. Para exigir do Estado um bom atendimento, é essencial fazer seu papel como cidadão. Sem isso, é, como diz Drauzio Varella, agir infantilmente como uma criança que não assume responsabilidade pelos seus atos e exige que outrem lhe de os cuidados que são obrigação própria.