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3 recomendam1 min23 de novembro de 2016 3 minutos de leituraCanção da volta tem Marina Person como atrizFilme foi exibido em SP com sessão de debate promovida pela FolhaNo dia 8 de novembro, a Folha de São Paulo promoveu uma sessão de exibição do longa “A canção da volta”, ( que estreou em novembro ) seguida de um debate com jornalistas, o diretor e a protagonista. O filme foi dirigido por Gabriel Rosa de Moura e protagonizado por Marina Person e João Miguel. Gabriel e Marina são casados e além disso usaram o próprio apartamento em que moram como locação do filme.
A relação de Marina com o cinema é antiga. Além de ser filha do cineasta Luis Sérgio Person, ela é formada em cinema pela USP e dirigiu Person , um cineasta de São Paulo (2006) e Califórnia (2015), entre outros. Mas foi em canção da volta que Marina se apresentou pela primeira vez como atriz, ao lado do talentoso João Miguel ( Cinema, Aspirinas e Urubus, Estômago, Se nada mais der certo ).
A trama gira em torno de um casamento aparentemente sólido, mas assombrado pelos fantasmas da depressão da mulher ( Júlia, personagem de Marina ). É a partir da tentativa de suicídio da personagem que se desenrola todo o filme e a crescente tensão entre ela e o marido ( Eduardo, interpretado por João Miguel ). Fica claro para o espectador que aquela tentativa de suicídio não era a primeira e que a família, incluindo um casal de filhos, circulava em torno dessa instabilidade emocional da mãe. Com o desenrolar do filme, o marido, que parece ser a âncora da família e aquele que mantém tudo sob controle, vai perdendo esse controle a cada tomada, numa tensão que aos poucos revela-se ser não apenas sobre depressão e suicídio, mas sobre o casamento em si. Afinal, como manter uma relação de tantos anos ? ( o filho mais velho é já adolescente ) Como manter amor, amizade, tesão ? Como lidar com aquele outro que jamais conheceremos por inteiro ( a questão que assombra Eduardo é “por que ela quis se matar…?” ).
No debate posterior ao filme muito se falou sobre isso e até mesmo a questão das redes sociais e a instantaneidade das relações virtuais foi levantada pela platéia. A intenção do diretor, Gabriel Rosa de Moura, foi colocar o drama sob a visão masculina do protagonista, deixando Júlia e seus fantasmas sob uma aura de mistério.
O filme possui um final meio redentor e o casal demonstra, a sua maneira, uma estabilidade que se mantém apesar de toda a instabilidade. E afinal, não é isso um casamento ? Sob uma aparente rotina estamos em constate transformação e o outro é uma eterna descoberta, um romper de véus e camadas que nunca se acaba. Por isso a instabilidade de um parceiro é também a nossa própria instabilidade e a jornada em busca da ferida ou dos segredos de Júlia é, para Eduardo, uma jornada em busca de si mesmo. Um belo filme.
Obs.: A estreante Marina se saiu muito bem. E, apesar, de sessão e debates serem gratuitos a lotação estava muito aquém da sua capacidade…uma pena
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