A Casa nº 1, numeração que recebeu na época de sua construção, foi destinada a abrigar o projeto Casa da Imagem, sede de um acervo iconográfico de 84 mil fotografias, parte do Museu da Cidade (um complexo de 13 edificações históricas).
Atualmente 3 exposições estão montadas: Turista Hotel, de Cristiano Mascaro, Câmeras de descompressão, de Edu Marin, e Túneis não mostram o final, de Felipe Bertarelli. A primeira é “um clássico” fotos tão distintas, parte apenas com construções, imagens da São Paulo do passado e outras (minhas favoritas) de personagens dessa cidade que amamos odiar; pessoas comuns, mas com alguma coisa que quase não sabemos descrever…olhares, histórias, poses e cenários; confesso que fiquei hipnotizada pela fotografia de uma senhora idosa sentada abaixo de retratos de família. Câmeras de descompressão nos provocou algumas discussões sobre hotéis/motéis e algumas risadas, é verdade…com algumas fotos quase da vontade de deitar nas camas…Por fim, Túneis não mostram o final, nome genial, da série idéias que eu queria ter tido. Essa sim provocou muitas discussões: teorizamos sobre o sentido da vida e desta na cidade grande, do abandono e algumas vezes desvalorização dos espaços coletivos, e da beleza oculta no cotidiano (que eu amo). Os textos são uma obra a parte, inspiradores, conduzem boas discussões e independente do tamanho, li com prazer!
Na saída lemos na placa com os nomes das exposições o instigaste Perfume de princesa (de Wagner Malta Tavares) e ao perguntar fomos instruídos a irmos para os fundos da casa e que a instalação nos conduziria pelo Beco do Pinto até o Solar da Marquesa. Sucesso! Queria mesmo ir até la, mas ir conduzida por uma instalação seria muito mais lúdico. A princípio não entendi a idéia, fui um tanto quanto cética, me questionando sobre os limites da arte, mas segui as instruções. Passeamos pelo Beco, fotografei e seguimos até o solar…nesse ponto já estávamos sentindo um misterioso perfume, que não sabíamos a origem ou nem do que era…é disso que precisamos: nos entregar a arte!
No solar da Marquesa uma Ode a São Paulo, um convite a participar da construção de um mapa de Sampa, com as sensações que temos no centro…uma delícia.
Para encerrar uma passadinha pelo Pateo do Colégio, pessoas saindo da missa com seus raminhos do Domingo de Ramos, e as lembranças da infância e da minha avó chegando com esses galhinhos que eu não sabia o porque.
Um típico passeio pelo “centro que insistimos em tratar como periferia”*, uma sensação boa de que algo está melhor, um pouco mais limpo, um pouco menos mal cheiroso, um tantinho mais colorido, e sempre inspirador!
Meu jeito favorito de começar a semana
*”centro que insistimos em tratar como periferia”, trecho do texto de Ronaldo Entler para a exposição Câmeras de descompressão