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Por Causa da Fita Crepe

Foi um golpe só na altura do estômago. Teve vertigem e vontade vomitar. O pior foi quebrarem seus óculos de lentecor de rosa. Seu corpo doía e tudo foi enrijecendo. Fico inerte por tempo suficiente para esquecer quanto tempo ficou ali. Depois com todo aquele cansaço deitou olhando para o teto do quarto escuro o suficiente para não ter sombra alguma. Suspirou uma, duas… e perdeu as contas de quantos suspiros foram necessários até ceder às lágrimas. Deixou que elas escorressem pelo canto dos olhos e entupissem seus ouvidos. Deixou que escorressem até abrir os olhos e já ser dia.

E agora era ter coragem para enfrentar aquele novo mundo. Novo para si. Se perguntou desde quando o mundo era aquele mundo que descobrira na noite anterior. Seu corpo ainda doía, mas no fundo não era dor física, era uma dor entre o vazio do corpo e a alma. E faltava coragem.

Antes mesmo de sair da cama escreveu:

“Aprender acima de tudo a não generalizar, para que no mínimo haja esperança.”

Colou bem visível para que pudesse achar meios de enfrentar sem seus óculos aquele mundo. Mas quando há consciência do mundo desnudo, não é dormindo que ao acordar estará tudo bem…

Levantou, abriu a porta do quarto e atravessou o corredor vazio de cabeça baixa. Teve medo se olhar no espelho e ver o mundo que lhe tomava conta.

Os dias passaram assim, sem tantos sentidos. E a poesia do céu branco já não estava mais ali. O dia de amanhã seria igual ou mais cruel? O que haveríamos de fazer? E as perguntas brotavam na sua cabeça. Eram perguntas que realmente deveriam ser feitas. Mas ninguém perguntava…

Então os dias tinham mesmo 24 horas. Nenhuma emoção trazia qualquer outra ilusão que as fizessem passar maisrápido ou devagar. Era isso. Vasculhava por esperança. Não queria perdê-la. Não, não iria. E esse tornou o sentido para esse novo mundo, ter esperança.

Pegou os óculos de lentes cor de rosa e consertou. Não usou de novo. E sabia que não voltaria a usar nunca mais, por causa da fita crepe.