Enquanto feministas e simpatizantes saem às ruas no Brasil pela legalização do aborto, ( com slogans como “aborto ilegal é feminicídio de Estado”, “meu útero é laico” ou ” lutar pela legalização é lutar pela saúde da mulher” ) no México esse assunto é tão delicado que em muitos estados do país, mulheres que abortam espontaneamente ( muitas que nem sequer sabiam que estavam grávidas ) são criminalizadas e sofrem grande preconceito.
A Cidade do México é o único lugar onde o aborto é legalizado no país, até as doze primeiras semanas de gestação. Em contrapartida, e como reação, 16 de 36 estados mudaram sua legislação para estabelecer que a “vida humana deve ser protegida desde a concepção”. Isso se deu para impedir que o aborto fosse descriminalizado no resto do país e acirrou o debate em um país extremamente católico.
Muitas mulheres que abortam espontaneamente são acusadas de ter provocado o aborto e até presas. A pena máxima pode chegar a 50 anos, quando a acusação tem o agravante de “matar um parente”.
Segundo reportagem da BBC de autoria de , “calcula-se que 700 mulheres mexicanas estejam hoje cumprindo sentenças por homicício, embora, na realidade, tenham se submetido a abortos ou sofrido abortos espontâneos.”
“Mais de 70% dessas mulheres sofreram abortos espontâneos, mas foram acusadas de matar um parente”, disse à BBC a diretora da ONG Las Libres, Veronica Cruz.
À mulher, além da dor da perda, do medo e de possíveis condenações, sobra ainda um enorme estigma social.
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