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Nude para todos !
Qual o seu tom de nude ?

A moda, a cada nova coleção, tem a peculiaridade de dar nomes diferentes a cores que conhecemos. Fica mais bacana encontrar nomes na cartela de cores como “tangerina”, “chantilly”, “navy”, do que simplesmente laranja, creme ou azul. Além disso, essas denominações conseguem expressar variações e tons de uma forma mais precisa, justamente porque visualizamos o objeto em questão ( no caso a tangerina ou o chantilly ). Mas e quando queremos denominar um tom de pele ?

Um nome comum em várias cartelas de cores e até em referências nas etiquetas de roupas é o “nude”, que seria exatamente o nu ou a cor da pele. O que significa que uma roupa dessa cor, sobre a pele, passaria despercebida. Acontece que na indústria em geral o tal do tom “nude” ainda se refere ao tom da pele clara, as vezes ligeiramente rosada ou ligeiramente amarelada.

Daí você que no caso é uma mulher asiática, negra, mestiça ou enfim tantas outras possibilidades dirá : ok ! mas esse nude não me representa ! E não mesmo !

Se seu filho fosse pesquisar sobre tons de pele na wikipedia, por exemplo, encontraria que :

– A cor da pele humana varia entre quase preto (devido à alta concentração do pigmento escuro melanina) para quase sem cor (aparentando ser rosado devido a vasos sanguíneos sob a pele).

– É determinada primariamente pela quantidade e tipo de melanina, o pigmento que dá à pele sua cor. A variação da cor da pele ocorre em sua maior parte devido à genética.

Em favor da inclusão de todas as peles, a marca de lingerie Naja criou uma cartela com sete tons de nude, com a campanha #nudeforall. As coleções mais recentes vendem “nudes” que vão do marfim (ou branco ) com variações de rosa, ao bege escuro com nuances vermelhas, ao “expresso” profundo ( cor de café ). E pretendem ainda lançar mais tons.

Nude for All Naja

Na mesma direção foi a marca de sapatos de luxo Christian Louboutin, que criou tons que vão do leite ao chocolate escuro, passando pelo caramelo e café com leite.

Nude Collection

E ampliando esse espectro de visão também na arte, a conceituada pintora carioca Adriana Varejão, em sua exposição Polvos, procurou traduzir como seriam os 33 tons de pele citados por brasileiros –como ‘Café com leite’, ‘Branquinha’, ‘Burro quando foge ’, ‘Morenão’, ‘Queimada de sol’, ‘Fogoió’, ‘Enxofrada’, entre outros. Junto à exposição, ela lançou o estojo de tintas Polvo, desenvolvido em parceria com a tradicional fábrica de tintas Águia.

Tintas Polvo Adriana Varejão

Aos poucos, a moda vai ficando mais democrática e inclusiva, ( e inclusive a arte, fazendo seus questionamentos )  graças à mudança dos tempos e à percepção de que as novas gerações são mais antenadas, politizadas e conscientes, em questões que vão da inclusão à sustentabilidade. Ainda bem !