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Endometriose, muito prazer…

A primeira vez em que Joana ouviu o termo “endometriose” , já havia passado dos quarenta. Sendo assim, tinha convivido com cólicas praticamente incapacitantes por 24 anos; cólicas, que até então eram para ela, um sintoma comum da menstruação. Mesmo que  tivesse por algumas vezes desmaiado, ou deitado no chão gelado dos fundos de uma farmácia, quando fui buscar um remédio, porque não conseguia se manter em pé, tamanha era sua dor. Junto com as cólicas tinha aprendido a conviver com um mal estar geral : queda de pressão, diarréia, fraqueza, enfim… endometriose. Só que até então ela não sabia…

Joana descobriu que tinha endometriose por acaso. Tentava engravidar e fez uma cirurgia para “limpar” o útero, o que significava tirar pequenos miomas e um pólipo endometrial. Durante a videolaparoscopia ( uma espécie de sucção desses miomas por pequenos orifícios abertos na pele ) foi descoberto um “endometrioma” em seu ovário esquerdo, ou seja, um cisto grande cujo conteúdo era… sangue.

Quando uma mulher tem endometriose, significa que o endométrio, camada de tecido que reveste o interior do útero, encontra-se também em outros órgãos, como as trompas, ovários, intestino e pasmem, algumas vezes até no pulmão… A menstruação nada mais é do que a descamação do tecido endometrial quando não há a fecundação do óvulo. Quando o endométrio descama, há o sangramento… Mas se existem, digamos, “pedaços” do seu endométrio em outros órgãos que não a cavidade uterina, esse sangue não tem para onde sair…daí a endometriose. As células de endométrio fora da cavidade uterina também sangram, todo mês, junto com o período menstrual, tornando aquele organismo permanentemente inflamado. Explica-se assim porque até 30% das mulheres portadoras de endometriose podem desenvolver quadros de infertilidade. O organismo, inflamado, “se defende” de qualquer organismo estranho, inclusive, um possível feto, expelindo-o.

Embora muitas mulheres apresentem endometriose ( inclusive alguma que já são mães ) o estudo dessa doença é relativamente novo. Uma corrente acredita que essa formação do endométrio fora da cavidade uterina aconteceria já no feto, quando da formação dos órgãos reprodutores, o que explicaria cólicas e dores pélvicas durante atividade sexual já desde cedo.

Embora ainda não exista cura, acredita-se que a supressão da menstruação é uma forma de conter a doença, o que se daria por pílulas de uso contínuo ou injeções de supressão da menstruação em níveis hormonais ( como uma menopausa artificial ). O importante é que a mulher que sofre de endometriose conheça essa doença e as possibilidades de tratamento para desfrutar de uma vida melhor e de mais qualidade.