Tenho a alma infantil.
Tenho predileção por acontecimentos sem importância.
Paro pra ver o movimentar – se de um inseto, dou bom dia ao meu cacto.
Minha idade não comporta meu corpo. Ou vice-versa.
No manual geral das idades faço tudo ao contrário.
Choro.
Durmo demais.
Tenho um esquecimento seletivo para contas a pagar e regras de etiqueta.
Certamente não tenho o carro certo, digo pra minha idade.
Provavelmente também nem o cabelo ou as unhas.
Me dou melhor com as mulheres de sete, oito, onze anos.
Não, não sou mãe. Como provavelmente deveria.
Na minha idade.
Gosto de sonhar.
E vejo um mundo curioso e bizarro.
Vejo pessoas dormindo acordadas mas sou eu quem dorme demais.
Obviamente que não concordo.
Enquanto durmo pra acordar dessa vida vejo por toda parte os que se levantam só para viver como se dormissem. Esquecidos de si mesmos.
É que vivi tempo suficiente pra entender que o tempo é algo muito caprichoso e peculiar…
Que não atende a regras nem se rende à normas
O tempo é o pai da Alma
Liberta-a se suas amarras
Sorri pra seus “defeitos”
Abraça com amor todos os sonhos não realizados
Garantindo que ainda há Tempo
E mesmo que não haja…
Está assim mesmo…
Perfeito.