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Um juiz pra chamar de “meu”

A operação Lava Jato, da polícia federal completou 2 anos recentemente. Os números da operação impressionam. Segue abaixo :

“Nunca antes na história desse país”, parafraseando seu investigado mais ilustre, se viu uma operação do tipo. Ligamos a TV e nos sentimos, literalmente, em um filme hollywoodiano ( aliás, fosse lá já teria se transformado em megaprodução cinematográfica ). Figurões algemados, grampos inacreditáveis, delações romanescas.

E no centro do digamos, “lado bom da força”, um juíz de fala mansa, relativamente jovem e muito competente no seu ofício, legitimando às ações da PF, decretando prisões e autorizando a revelação de áudios dos investigados por ser “de interesse público”. 

Nós, brasileiros, além de estarmos acostumados à uma classe política corrupta, nos acostumamos a um sistema judiciário leniente com as elites, sejam elas políticas, financeiras ou sociais. Quando ligamos a TV e vemos poderosos sendo investigados, acusados, presos preventivamente e efetivamente condenados não tem como não experimentarmos uma catarse. Nesse caso especificamente, depois de tantos anos de mandos e desmandos de uma partido que se dizia “do povo e para o povo” e  mostrou-se apenas “deles para eles” ( acho que já ficou claro que embora tenha supridos necessidades urgentes, os programas socias do governo tinham sim outros interesses que não a diminuição da desigualdade social ) a catarse tornou-se coletiva e culminou em 6 milhões de pessoas nas ruas contra um governo, um número que o PT pode orgulhar-se de ser seu por merecimento.

A Lava Jato e o juíz Sérgio Moro simplesmente lavaram a alma daquela classe tão esquecida pelos governos em geral…a que não está nos extremos ( nem a elite, nem a camada desfavorecida ) ,aquela que trabalha diariamente no sistema formal (ou informal), paga seus inúmeros impostos em dia, muitas vezes ainda gerando empregos em pequenos negócios e, como formigas, fazem girar a economia dia após dia, sem ver muitos retornos em seu benefício. Não só desse grupo mas ainda da quase maioria da população que vê o seu dinheiro perder poder de compra dia após dia, o sistema de saúde se deteriorar, a educação se deterior, entre tantas outras coisas.

Não há dúvida que o juíz Sérgio Moro se tornou uma espécie de “super-herói” da população e foi o mais lembrado nas últimas manifestações. Ele representa um contraponto ( muitíssimo nobre, diga-se de passagem ) a tudo que está aí em termos de política e injustiça em nosso país. Obstinadamente tem trabalhado pela Justiça ( essa com J maísculo mesmo ) na maior investigação de corrupção que se tem história. Sempre do lado do “bem” e para trazer à luz da sociedade as práticas de corrupção que julga.

Na definição de Joseph Campbell, autor do “Herói de mil faces”, um herói “é alguém que dedica sua prória vida à algo maior que ele mesmo”. Sérgio Moro trouxe aos brasileiros um sopro de dignidade e confiança que encontrava-se perdido. Como o autêntico herói, sua causa está muito além dele mesmo. E ele sabe disso. Por isso agradecemos. E somos todos Sérgio Moro !