Quando um adolescente se depara com a questão “o que vou fazer da minha vida” ou para qual carreira irei prestar o vestibular são muitas as variáveis que se apresentam e ainda recai sobre ele a opinião de amigos, expectativas dos pais e da sociedade.
Uma máxima muito difundida é que se você fizer o que ama “não terá que trabalhar um dia sequer em sua vida”, pois o trabalho se tornará prazeiroso e por consequência bem sucedido. Além do mais, muitos adultos tendem a rever suas escolhas na meia idade e se arrepender de “não ter seguido seus sonhos”.
Para o co-fundador do Netscape, Marc Andreessen “fazer apenas o que você ama” é um dos efeitos colaterais da sociedade individualista em que vivemos, além de uma interpretação imatura da realidade.
Segundo ele “nós costumamos ouvir de pessoas altamente bem sucedidas que se tornaram um sucesso fazendo o que amam. O problema é que não ouvimos sobre pessoas que não foram um sucesso fazendo o que elas amavam.” Marc defende a tese de que deveríamos fazer coisas que trouxessem benefícios à sociedade e a outras pessoas, ao invés de pensar primeiramente em nós mesmos.
Isso nos leva a questões mais profundas do que somente como irei fazer para pagar minhas contas e me sustentar em sociedade. Não dá pra negar que sempre existirá um conflito entre aquilo que desejamos “em nosso coração”, digamos assim e aquilo que pode ser útil à sociedade. Muitas profissões bastante úteis à sociedade infelizmente são mal remuneradas e pouco valorizadas, como por exemplo, no Brasil, o ensino fundamental ou mesmo o ensino médio, o que nos faz pensar que essas pessoas abraçam essas carreiras muito mais por vocação e “amor” do que propriamente por ambição. E ainda assim elas estão contribuindo para o todo.
E o que dizer, por exemplo, de lixeiros, catadores, motoristas de ônibus, enfermeiras. Essas realidades estão muito longe daquela do Vale do Silício e implicam em mão de obra bastante útil, mas não por uma opção individual e sim pela falta dela.
Mas voltando à realidade de quem pode escolher, o equilíbrio entre nossas habilidades e vocações e como podemos colocá-las a disposição da sociedade ainda é o melhor caminho, sem dúvida. Quando um jovem procura por uma carreira deve antes de qualquer coisa encontrar suas habilidades e com elas procurar contribuir para a sociedade. Como fazer isso vai depender muito das variantes sócio-culturais e de um contexto maior. De certa forma, o executivo da Netscape tem razão em que existe um certo “romantismo” nessa visão em “fazer o que se ama”. Não é garantia de sucesso fazer o que se ama, igualmente não é garantia de sucesso fazer algo pelo outro. E o que define o sucesso ? Boa pergunta…