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A Calmaria que me falta
Nada te impede de afastar as cortinas de vez em quando a procura do sol da justiça, ou das estrelas se preferir, mas você é o responsável por buscá-las. Encontre em ti a calmaria que te falta nos dias ruins.

Já andastes pela areia do mar, onde aquela imensidão bem ali ao seu lado mostrando-lhe as grandezas divinas? Percebemos o quão pequeno somos, porém, não menos importantes. Devemos ser gratos por aquilo! Alegra muito o coração saber que todas estas maravilhas de autoria do criador fazem parte do cenário da vida, para que possamos caminhar de uma forma brilhantemente serena.

Agora me responda uma coisa, Quem consegue viver de janelas fechadas? Por Deus! Quantos de nós vivemos com o peito mais encharcado que roupas esquecida na máquina de lavar, com a torneira aberta. Tem ternura chorando lá dentro, declaração de amor enxovalhada. Raiva presa com rolha na garganta. Desejos desnutridos. Saudade e lembranças mergulhadas como se em num balde de água sanitária.

Tudo isso para esquecer, eliminar definitivamente as manchas de experiências marcantes e sensações das histórias mal resolvidas. A ordem é deixar bem longe o que nos sufoca. Escondido das nossas desconfianças. Inalcançável por nossas percepções. Mas, calma! O que acontece ai dentro? Que turbilhão de sentimentos é estes? Voltastes a ser adolescente? Não te culpes por isto ou aquilo que esteja fora dos trilhos, ou que simplesmente não ocorre no tempo em que gostaria. É pura bobagem, nunca se é velho o bastante para perseguir seus sonhos, nunca se é jovem demais a começar a refletir o legado da sua vida.

Imagine abrir sua janela ao acordar e, do mesmo modo que as lagartas magicamente se borboleteiam pelos cenários da vida, encontres uma fruta que se oferece a você. Implora por seu gesto de a sorvê-la por inteira. Entregando assim sua gratidão sincera a um dos tantos presentes que a natureza diariamente lhe dá, sem exigir nada em troca.

Estes olhos mais tristonhos não enganam, eu sei, a gente costuma não falar nada, mas bota um cadeado deste tamanho e tranca tudo lá dentro, vai empurrando as semanas com a barriga estufada de silêncio doentio, pra quê? A vida é assim feita de altos e baixos, não podemos vencer todas, mas sim podemos tirar aprendizados, lições de nossos dias menos favorecidos. As dificuldades não são pedras no caminho, não mesmo. Prefira acreditar que elas são meras ilusões de nossa própria mente. O poder de cultivar pensamentos e manejar a criatividade é o que nos coloca no topo em relação às demais criaturas vivas.

Combinemos algo. Seu coração precisa ser esvaziado imediatamente. Como apartamento sem móveis, sabe? Sem cara de aconchego mesmo! Nem mínima chance de acolhimento, limpa tudo! Hora de trocar o cenário. Como? Siga a lógica: não se pode ocupar espaço de vida com trastes sentimentais atulhados ainda mais sem pagar aluguel no ventrículo deste órgão tão eloquente. Não mesmo! Coração adora é samba. Remelexo. Um eufórico bum-para-ti-dum entre artérias e veias que o bombeiam direto, feito engenhocas de relógio.

Pode ser que suas janelas estejam fechadas neste momento, mas somos humanos sujeitos a descuidos, distrações e ousadias dos vendavais, é neste exato instante que as frutas se oferecem com paixão, ali fora, dando sopa! E você tem a oportunidade de colhê-las novamente. Dias ruins devem existir para que te forçes a refletir internamente, examina-te. A chuva renova o cenário lá fora, árvores, montanhas, cachoeiras, pássaros se alimentam e você também sobrevive desta terra. Mas nada te impede de afastar as cortinas de vez em quando a procura do sol da justiça, ou das estrelas se preferir, mas você é o responsável por buscá-las. Encontre em ti a calmaria que te falta nos dias ruins. Rápido!

Robson Joaquim

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