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O que causa “constrangimento”?
Juiz libera homem que ejaculou em passageira no ônibus na Paulista. Que tal apenas juízas para julgar esse tipo de caso?

Duas vítimas em dois dias na Paulista, ambos casos em ônibus na avenida, intervalo de 24 horas. Num dia um homem ejacula em uma mulher e vai preso em flagrante. No dia seguinte mais um homem faz impropérios com uma mulher, passando a mão nos seios dela. O motorista fechou a porta e chamou a polícia.

No primeiro caso o homem foi liberado. Disse o juiz: “Entendo que não houve constrangimento tampouco violência ou grave ameaça, pois a vítima estava sentada em um banco de ônibus, quando foi surpreendida pela ejaculação do indiciado”. Ou seja, a polícia fez seu papel, o juiz, nos moldes da famosa frase “De cabeça de juiz e bunda de bebê, ninguém sabe o que vem”. Agora então fique sabendo que se alguém ejacular em cima de você no meio da rua não há constrangimento, a não ser que não seja surpreendida, que esteja vendo o “cidadão” se masturbar em cima de você.

“Entendo que não houve constrangimento tampouco violência ou grave ameaça, pois a vítima estava sentada em um banco de ônibus, quando foi surpreendida pela ejaculação do indiciado”

A que ponto precisamos chegar?

O homem que causou furor das pessoas na rua e constrangiu a todo cidadão de bem não constrangiu e nem chocou o juiz. Talvez porque o mesmo não tenha sentido o sêmen dele em cima de seu corpo. E o fato dele ter CINCO passagens pela polícia por suspeita de estupro em nada o desabonou também.

A sociedade nada pode fazer ao que tudo indica. Assistir pasma um homem ser solto, com antecedentes e que TEM ENORMES CHANCES DE COMETER o mesmo ato senão outros piores É O QUE RESTA.

É de se imaginar como se sentiria o juiz caso o acusado acabe encontrando uma pessoa da família dele e cometa o mesmo ato. O arrependimento com certeza lhe bateria à consciência. A probabilidade é pequena claro, familiares do mesmo nem devem andar de ônibus. Mas a segurança dos que andam não deveria ser menos importante do que a dos seus. Isso é o mínimo que se espera de um juiz. Que ele preze pela segurança dos cidadãos da cidade.

A pergunta que acaba vindo a cabeça é a mais natural possível: fosse uma mulher a juíza, ela teria a mesma parcimônia? difícil elucubrar. Mas a sugestão é válida. Que tal todo caso de violência contra a mulher ser julgado por uma de suas semelhantes? Quem melhor do que uma mulher para dizer se esse caso causa ou não constragimento, que, claro, outra mulher. A torcida se torna válida. Pois, seja você um machista, uma feminista ou simplesmente um ser humano com consideração pelo próximo, vale a consciência de saber que um juiz sentado numa cadeira dentro de um fórum pouco sabe sobre uma vítima de uma situação dessas. Pelo menos outra mulher sabe compreender muito, ou pelo menos um pouco, mais.

O segundo caso ainda não teve novas notícias. Não será surpresa se logo sabermos que está tranquilo por aí passeando pronto pro próximo bote.