Mulheres estão bebendo cada vez mais

O crescimento do consumo de bebidas entre as mulheres é um fenômeno mundial. Os homens ainda bebem muito mais que as mulheres e fazem mais barulho. Mas o número de mulheres que bebem aumentou dramaticamente nas últimas décadas. Há 30 anos, havia 20 homens que bebiam demais para cada mulher que fazia o mesmo. No fim da década de 1990, a proporção mudou para 14 homens para cada mulher. Em 2014, em seu estudo mais recente sobre o assunto, de abrangência mundial, a Organização Mundial de Saúde (OMS) constatou que, de cada cinco pessoas que consomem bebidas alcoólicas de forma pesada, uma é mulher. A evolução é assustadora – e não é a única que aponta na mesma direção.

Embora as mulheres caminhem para beber tanto quanto os homens, elas não têm a genética adequada para esse tipo de abuso. O organismo feminino é mais suscetível aos efeitos nocivos da bebida. Por ter maior concentração de gordura corporal (que ajuda a absorver o álcool) e menor quantidade de água em circulação (que permite dissipá-lo), a concentração alcoólica no sangue da mulher costuma ser maior, ainda que ela tome a mesma dose de bebida que o homem. O corpo feminino possui uma quantidade menor de enzimas que metabolizam o álcool no estômago, a desidrogenase. Por isso a bebida segue para a corrente sanguínea sem ter sido totalmente digerida e dá mais trabalho para o fígado. Isso aumenta as chances de as mulheres desenvolverem doenças hepáticas em menos tempo de uso da bebida. A terceira diferença é a forma como o etanol afeta os liberadores dos hormônios femininos, os neuroesteroides. Esse desequilíbrio hormonal afeta o sistema nervoso central. Em cinco anos de consumo excessivo, elas tendem a apresentar sintomas como lapsos de memória, desequilíbrio motor, problemas hepáticos e depressão. Os homens demoram 15 anos para chegar ao mesmo desastre. Entre as grávidas não há medida segura para o consumo de álcool.

Via Revista Época
http://epoca.globo.com/vida/noticia/2015/03/bmulheresb-que-bebem-demais.html