A demissão de Eduardo Batista não é novidade. Não é novidade para o Palmeiras e muito menos novidade para o futebol brasileiro. Com muito dinheiro e poder pra contratar quem deseja na realidade do futebol sul-americano, o Palmeiras quer resultados a curto prazo. Ganhou o imediatismo. Técnico é técnico, portanto mais fácil, obviamente, despedi-lo do que mandar embora um jogador como Borja, grande contratação mas que até agora de nada fez que justificasse o alto preço. Este hoje é um “bem” do clube. Técnico nunca é.
Conduta semelhante aconteceu no ano passado. Marcelo Oliveira foi pro olho da rua, e Cuca chamado às pressas (talvez será ele de novo?).
Sem querer inventar demais, ou mesmo sem conjecturar demais, fica claro que o erro maior é do Palmeiras. Não pelo imediatismo, já que isso, de maneira estúpida, é a realidade da maioria dos clubes do Brasil. Salvo ocasiões em que grandes clubes insistiram em seus técnicos e apostaram em suas capacidades (Tite no Corinthians é um exemplo bem sucedido disso), o futebol brasileiro insiste no erro do trabalho a curto prazo.
Então o que o Palmeiras fez de errado?
Basicamente em relação ao técnico, tudo.
Sabia-se que Cuca ia embora. Apostaram que ele ficaria. Especialmente achando que o título brasileiro o seduziria. Nesse achismo, esqueceram de procurar um técnico experiente para jogar a competição que é obsessão de todos brasileiros: a Libertadores. Podia-se procurar um Abelão, podia-se tentar um técnico com tarimba do mercado sul-americano. Resumindo, buscaram Eduardo Baptista, com passagem bem sucedida pela Ponte Preta e Sport, neste campeão da Copa do Nordeste e do Campeonato Pernambucano. E passagem de certa forma melancólica pelo Fluminense, aonde livrou o time de um rebaixamento e mais nada.
Esse currículo fez a diretoria do Palmeiras achar que o mesmo era qualificado para ganhar de cara a Libertadores? Ou se apostou num trabalho a longo prazo e depois a ideia mudou?
Cabem outras perguntas: Eduardo Baptista simplesmente não ganharia de jeito algum a Libertadores? Será? O que se perde a longo prazo? Num jogo em que o time vira o placar em 45 minutos eletrizantes o técnico é ovacionado. No seguinte perde na Bolívia e pra nada serve? O São Paulo de Bauza chegou as semifinais da Libertadores tendo perdido do Strongest na primeira fase em pleno Morumbi.
Eduardo Baptista saiu com aproveitamento de nada menos que 70% dos pontos disputados.
Notícia óbvia é que Cuca é favorito. Se vier, chegará com enorme responsabilidade. A de ser campeão da Libertadores de qualquer jeito. Pois ele é o salvador da lavoura na cabeça dos dirigentes e da torcida.
Será?
Impossível saber. Numa competição que já teve até Once Caldas como campeão, ganhando de ninguém menos que do time do Boca Juniors, mostra-se que futebol está longe de ser ciência exata. Muito longe. Que o Palmeiras consiga respirar novos ares. Sabendo sempre que a resposta se a decisão foi certa ou não só virá a longo prazo. Nem uma eventual derrota ou título nessa Libertadores dirá.