O torcedor é muita coisa. Apaixonado, delirante, sofredor, desequilibrado e por aí vão os adjetivos. Muitas vezes cobram os jogadores em excesso. Muitas vezes não sabem ter razoabilidade perante a derrota de seu time. Muitas vezes não perdoam os erros de jogadores que mesmo bem intencionados, não correspondem às expectativas altas que muitos depositam neles.
Ver um time perder não é fácil pra nós torcedores. Ver um jogador que não se esforça como acreditamos ser necessário é ainda mais difícil. A evolução do futebol amador para o profissional teve muitas consequências. Como tudo, o lado bom e o ruim existem como efeito colateral. O lado bom é, claro, a valorização do jogador e sua independência nos dias de hoje. São patentes e sua habilidade hoje é realmente valorizada com salários absurdos. De maneira justa ou injusta é caso para outra discussão. Mas a situação hoje acontece.
O lado ruim é, aos olhos do torcedor (e muitas vezes a verdade crua), que o jogador virou volúvel, e o amor à camisa pouco tem espaço nos dias de hoje. Se no passado vimos Zico, Sócrates e Pelé entre tantos outros praticamente usarem apenas uma camisa e se dedicarem ao máximo aos seus clubes, hoje isso é muito mais raro. Aliás, a raridade está em ambas as situações. Na habilidade que hoje está cada vez mais escassa no Brasil, e na dedicação dos jogadores que apesar de terem todas as condições do mundo para se esforçarem, mas que muitas vezes parecem insolentes.
E porque parecem insolentes para nós torcedores?
Aí que está a questão. Jogadores de futebol de times de primeira divisão ganham mais que quase todo mundo que os assiste. Salários que para nós meros torcedores jamais serão vistos a não ser ao longo de uma vida. Injusto ou não, não interessa. Na cabeça de nós apaixonados torcedores não há lugar para insolência, cansaço ou meias vontades em um jogador de futebol. À medida que você jogador escolheu uma profissão como esta está sujeito a cobranças públicas (sempre com respeito deve-se exigir obviamente) e críticas severas. Pois está lidando com a paixão de muitos. E deve sempre se lembrar disso. Senão deve escolher outra profissão. Claro, na cabeça de nós torcedores apaixonados e muitas vezes iludidos e míopes. Afinal de contas não somos torcedores profissionais, somos amadores, pois não tem dinheiro que compre uma paixão.