Você um dia nasce, cresce e, claro, morre.
O processo todo é uma mistura sensações das mais diversas. No nosso interior e nas pessoas que à nossa volta estão ou um dia estiveram presentes. O viver é uma experência fenomenal para alguns e porque não, doloroso para outros. E no meio de tudo isso, temos o contato com essa felicidade e dor alheias. Elas nos afetam de maneiras diversas. Muitas vezes os sentimentos dos outros se tornam os nossos, estes que também emprestamos ao próximo inconscientemente.
O seres humanos, mesmo na insistência em, muitas vezes, se diferenciar do seus pares, por distinção de cor, raça, sexo, classe social ou qualquer outro quesito, basicamente compartilha a mesma felicidade, dor, angústia e tudo que lhe é inerente por ter nascido humano. A consciência lá dentro é praticamente uma só. Claro, algumas mais egoístas, mais solícitas ou egocêntricas e por aí vai.
Há 60 anos atrás, todas essas sensações eram compartilhadas por telefone ou mesmo uma boa carta escrita para contar as novidades. Hoje, temos o “milagre” da internet. Tudo é instantâneo. Sabemos de tudo e de todos na hora que estamos conectados.
Esse imediatismo também nos faz ter contato com a felicidade ou dor alheias o tempo todo. O que antes era contato auditivo ou a leitura de uma carta se tornou visual, se tornou impessoal e tão rápido quanto um raio que vemos no céu. E claro, a felicidade dos outros (ou a dor) é a de uma multidão. Não temos mais poucos e bons amigos, temos uma enormidade de pessoas de quem sabemos da vida o tempo todo. Saudável ou não saber, não importa. Simplesmente sabemos.
Se então sentimos empatia e identificação com o que outros sentem e muitas vezes também emprestamos para (e dos) outros sentimentos, será que a nossa felicidade hoje é apenas nossa? É individual?
Dois lados podem ser explorados. A felicidade de muitos hoje pode depender do que outrem faz ou deixa de fazer. É a felicidade que é gerada internamente porque pessoas que vemos em redes sociais estão de acordo com o que esperamos (claro, essa felicidade pode residir no sucesso ou até mesmo no fracasso de outra pessoa, por que não?). E o segundo lado: nossa felicidade pode estar dependente do que declaramos ao outro nas mesmas redes sociais. Nossa felicidade pode depender de que a outros mostremos como felizes somos e como nossas vidas, ou momentos dela, são sensacionais. A sensação de incompletude atinge a esses quando não publicam suas vidas para que o mundo todo saiba.
A pergunta óbvia é: será que essa felicidade é genuína e se sustenta? Será que essas felicidades do último parágrafo são suas? Muito provavelmente não, já que elas dependem da aprovação ou da situação da vida de outra pessoa. Bom, felicidade é felicidade. Não pode ser julgada como enganosa ou não. Mas….