Não faço ideia se o resto do país está a par da greve dos garis, no Rio de Janeiro. É, em pleno carnaval. E a cidade (ou a maior parte dela), como não poderia deixar de ser, está um lixo. Sem metáforas, hoje.
Admito que não me aprofundei no caso, não sei exatamente o que os garis pleiteiam, o que a Comlurb e a prefeitura dizem que já fazem e o que mais ou menos aceitam para estancar a greve. Juro que não sei quem está certo ou errado, nem perto disso.
Sei que nosso prefeito é um pústula e que as práticas e escolhas desses sindicatos são, na média, terríveis. Porque há muito interesse de todos e nenhuma preocupação de ninguém.
Mas lembrei de uma conversa que tive na pracinha onde, eventualmente, levo minhas filhas e cachorras para passear. Coisa de 10 dias antes da greve começar, enquanto as moças de quatro patas corriam livres pelo cachorródromo, fui ter com o gari que trabalha por ali. Está ali há tempos, conhece todo mundo e todo mundo o conhece.
– E aí, vai ter greve mesmo?
– Ih, seu Gustavo, acho que vai sim.
– E vai parar quando?
– Ah, vai ter uma assembleia na semana que vem e acho que é no carnaval.
– No carnaval?!
– É, seu Gustavo. Porque se não for assim, quando todo mundo está de olho, não acontece nada.
– E o que é que vocês estão querendo?
– A lista não é pequena não. Mas pro senhor ter uma ideia, eles anunciam por aí que o piso é R$ 1.500. Pois eu tenho 18 anos de casa e, na carteira, meu salário é 800 e pouquinho.
E aí eu não tenho mais nada pra dizer.
Mas, pra terminar, uma pergunta que não me sai da cabeça: a cidade está um lixo porque os garis estão em greve ou porque somos todos porcos?