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Karma
conceitos e termos budistas

O que é Karma:

Karma ou carma significa ação, em sânscrito (antiga língua sagrada da Índia) é um termo vindo da religião budista, hinduísta e jainista, adotado posteriormente também pelo espiritismo.

Na física, essa palavra é equivalente a lei: “Para toda ação existe uma reação de força equivalente em sentido contrário”, ou seja, para cada ação que um indivíduo pratica vai haver uma reação.

A lei do Karma é aquela lei que ajusta o efeito a sua causa, ou seja, todo o bem ou mal que tenhamos feito numa vida virá trazer-nos consequências boas ou más para esta vida ou próximas existências. 

Em sânscrito, karma significa “ato deliberado“. 

Nas suas origens, a palavra karma significava “força” ou “movimento”.

Apesar disso, a literatura pós-védica expressa a evolução do termo para “lei” ou “ordem”, sendo definida muitas vezes como “lei de conservação da força“. Isto significa que cada pessoa receberá o resultado das suas ações. É um mero caso de causa e consequência.

Fonte  : significados.com.br



No ocidente, estamos acostumados a associar o karma a algo ruim. Pensamos : fulano é “um karma” na minha vida, tal coisa é meu “karma”, sempre com um viés pejorativo. Na verdade, como explicado acima, o conceito de karma em si não tem uma conotação boa ou ruim. Sendo o karma o resultado de nossas “ações”, ele pode tanto ser bom como ruim. Boas ações geram bons karmas e mas ações geram maus karmas.

Do ponto de vista budista estamos continuamente gerando karma, uma vez que vivendo, estamos continuamente atuando e fazendo escolhas. Há karmas mais profundos, consequência de vidas anteriores ( como por exemplo nascer com alguma doença congênita, enfrentar situações extremas de guerra ou privação ) e há o karma diário, aquele diretamente ligado ao nosso livre-arbítrio nesta vida, no aqui-agora.

O karma é gerado basicamente por três meios : o pensamento, a fala e a ação propriamente dita.

Dessa forma, por exemplo, vamos supor que eu esteja no trânsito intenso de uma grande cidade. Diante da tensão, apesar de não buzinar ou xingar ou cortar os outros carros, eu fico pensando o quanto eu odeio a cidade, o quanto as pessoas são mal-educadas, a cidade mal planejada ou o quanto meu carro é velho e eu ganho mal e etc… num redemoinho sem fim de pensamentos ( pensamento ) ! Num segundo estágio, esses pensamentos podem me levar ( muitas vezes de forma automática e inconsciente ) a  xingar outro motorista e me meter em uma discussão ( palavra ) e por fim, posso me contaminar ao ponto de provocar um acidente ou me envolver um uma briga mais séria ( ação ).

Levando em consideração nosso estio de vida moderno, com inúmeras demandas que muitas vezes não conseguimos atender, uma sociedade muito materialista e consumista, onde coisas são valorizadas em detrimento de pessoas e nos afastamos da natureza e da simplicidade, essa tríde pensamento-palavra-ação parece estar sempre mais sintonizada numa frequência negativa e nos vemos em um círculo vicioso.

Na filosofia budista, seguimos rituais e técnicas que nos ajudam a colocar no trilho nossa mente, ou seja nossos pensamentos e por consequência nossas palavras e ações. O objetivo final é desenvolver nossa compaixão e conseguir enxergar a vida, o outro e nós mesmos ( porque a “iluminação” começa em nós ) como os seres iluminados que somos, ou seja, capazes de viver o aqui-e-agora de uma forma completa, com atenção plena, à sacralidade de toda forma de vida, ao planeta e buscando a paz. Ou seja, realizar nossa verdadeira natureza, que é a natureza de Buda, que igualmente do sâncrito, significa Iluminado !

Seja através da recitação de mantras, da meditação silenciosa ou observando nossos pensamentos sem praticar qualquer julgamento, podemos nos condicionar a conectar nosso ser com nossa verdadeira natureza, que é a natureza de Buda. 

Portanto Karma não é algo definitivo nem deve ser visto como fatalidade. Outro conceito fundamental no budismo é o conceito de transitoriedade ou impermanência. A vida é dinâmica e por isso estamos sempre prontos para começar, seja do ponto que for, uma existência mais serena e autêntica. O que importa é sempre o Agora, o momento presente. A partir do agora podemos gerar bom karma infinitamente. Ou, considerando que o Karma diz respeito a Lei de Causa e Efeito ( tudo o que fazemos, irá retornar a nós em algum ponto ), podemos sempre, a partir do Agora, fazer  boas”causas”, que no futuro poderão criar bons “efeitos”. A escolha é nossa e a vida é preciosa demais para desistirmos de construir uma existência autêntica e feliz !