Me lembro de uma matéria que li na “Valor Econômico”, a qual li online. A matéria chamava-se “fotógrafo, logo existo”. Quem quiser pode ler pesquisando o nome no Google. Falando sobre a fotografia nos dias de hoje e como a febre de fotografar tudo está se desdobrando. E que só mediremos o valor de tudo o que está sendo fotografado hoje em dia daqui uns 60 anos.
A matéria tem a frase mais interessante que já li nos últimos tempos. Antes falávamos “penso, logo existo” (frase de René Descartes), hoje em dia a frase é “curtiram, logo existo”. Existe uma realidade brutal e talvez triste nesta frase. A que hoje em dia a internet nos fez aparecer para o mundo, seja ele um pequeno ou um grande como um facebook, e que a partir daí, todos tem a necessidade de aparecer de forma mais “contundente” e mais expressiva para o mundo. Assim somos vistos, ou temos a ilusão que somos vistos por todos.
Por consequência, vemos uma enxurrada de declarações e fotos de pessoas que mal conhecemos. E a qualidade das fotos diminui bastante. Simplesmente por que as fotos não são tiradas pelo ato de apreciação ou exercício da arte, mas pela necessidade de preencher um vazio virtual, a necessidade de ser alguém neste mundo da internet. O que de certa forma está mudando os rumos da fotografia. E banalizando algo que no passado foi muito mais pensado, hoje sendo mais um exercício de reação automática.
É um fenômeno que como dito no texto, não se sabe aonde vai parar. Talvez as fotografias digitais, junto com a internet tenham sido a explosão da necessidade de aparecer para o mundo. E esse boom vai ter um pico e declínio, com as pessoas voltando a ser mais discretas. Pelo menos mostrando apenas uma parte, seja de seus talentos ou paixões, ou qualquer outra coisa, mas não expondo suas vidas sociais e que deveriam ser particulares.