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A relação “cidadão-político” se desvirtuou irreversivelmente
Viramos babás de políticos, que como crianças borram tudo ao primeiro desvio do olhar de seus tutores

Um político ainda é necessário pra uma nação andar normalmente em uma democracia. Nós cidadãos, obrigados ou não, votamos em políticos que em sua essência são (ou seriam) nossa representação diante do país.

Para representar nossas necessidades, solucionar nossos problemas. Sejam eles de saneamento básico ou melhorias com uma política econômica sadia que de condições pra todo cidadão ter um emprego.

Desde os anos em que foi instituída a democracia no Brasil, com eleições diretas, problemas tem ocorrido.

Os mais recentes, como por exemplo o escárnio do presidente do Senado com uma decisão judicial é apenas um dos muitos que tem assolado a política brasileira desde que celebramos a democracia. Que na teoria, pelo menos, é a menos pior das opções que temos pro andamento de uma nação. Mas que quando somamos a palavra ao substantivo Brasil, temos chocantes índices de erros. Intencionais ou não.

Não é mais possível fugir dos fatos que assolam nossa Terra. A democracia, pelo menos por enquanto, caminha a passos ainda mais vagarosos que os de uma tartaruga manca e cega.

O que ficou claro é que o interesse de todos, ou com certeza da intensa maioria, em entrar pra vida pública, ao longo de todos esses anos de democracia, é virar político pra advogar em causa própria. Desde o primeiro presidente eleito que saiu por corrupção passando pela última que é investigada pelo mesmo motivo até o atual sendo viralizado também por repetição de intenção e efetivo dolo, todos parecem entender que o povo é apenas um feito colateral com o qual eles tem que lidar.

O que automaticamente nos faz questionar a relação que acabou se estabelecendo entre cidadão e político no Brasil.

Nos tornamos babás ou até pais de crianças que necessitam de cuidados e olhares ininterruptos. Sim, crianças mimadas, crianças que literalmente fazem tudo errado e borram suas fraldas 100% do tempo. E que a um simples descuidar ou desviar de olhar de seus tutores, aproveitam pra fazer tudo que tem desejo. Do o qual nada tem a ver com as necessidades do bem geral. Como crianças egoístas, usam seus pais pra conseguirem se safar, manipulando e se maquiando a seu bel prazer.

Vivendo uma situação surreal, somos obrigados a votar (no caso do Brasil) e depois impelidos com força desagradável e descomunal a cobrar o que deveria ser óbvio pra qualquer homem que quer ser político. Ele tem uma função específica: Melhorar o coletivo e não o individual, que nesse caso é o seu próprio.

Como num filme de comédia dramática, vemos uma festa de criança em que elas fazem o que bem entendem e deixam toda sujeira pra que limpemos ao final da farra. A diferença óbvia é que amamos nossas crianças reais. Por isso temos prazer em ajudá-las. Ao contrário dos políticos, aonde o desprazer e a aversão só cresce a cada dia que passa.

A falência moral e econômica já vivemos. O que virá em seguida?