Quem já foi na Virada Cultural em São Paulo certamente terá encontrado vários problemas, como em qualquer evento de grande porte em uma metrópole desse tamanho.
Por outro lado existe uma magia em caminhar, por exemplo, próximo da meia noite em frente ao Teatro Municipal e ver as ruas cheias de gente caminhando e inclusive oferecendo seus pequenos shows pessoais e paralelos.
Em meio às diversas atrações culturais, convivem os mendigos, jovens de variadas tribos, velhos, crianças e pessoas de diferentes lugares da cidade. Só o fato de o metrô ficar aberto 24 horas já te dá aquela sensação de que é possível sentir a cidade mais da população e menos do caos e do poderio econômico.
Como evento, a Virada nasceu em 2005. Foi inspirada no festival francês NUIT BLANCHE ( Noite em claro ) e que como lá, convida os moradores da cidade a ocuparem o centro da cidade com 24 horas ininterruptas de programação cultural.
Na Wikipédia lê-se : “A Virada Cultural convida a população a ocupar o centro da cidade, incentivando o convívio social através da cultura. O evento possui palcos temáticos como a Avenida São João (Rock Nacional), Praça da República (Samba),Largo do Arouche (Estilo Popular) e a Estação Júlio Prestes (MPB). Durante todo a realização, o Metrô de São Paulo permanece aberto em tempo integral para que os participantes possam se deslocar entre os diversos palcos e assistir às apresentações espalhadas por toda a cidade”, retirada do site da virada, que atualmente apresenta um texto um pouco diferente ( veja aqui : http://www.viradacultural.prefeitura.sp.gov.br/a-virada/ )
Muito bem, o recém eleito prefeito de São Paulo, ainda não assumiu, mas já demonstrou uma inabilidade surpreendente ao anunciar que pretende levar a Virada Cultural para nada mais, nada menos do que o Autódromo de Interlagos… !!! ( sim, imaginem emojis de cara de pavor…).
A pergunta óbvia que qualquer morador do planeta Terra se faz é como alguém pega um evento comprovadamente bem-sucedido, que tem como tarefa principal, o convívio e a inclusão de moradores dos mais diversos bairros de São Paulo, através de seu centro histórico, com várias linhas de metrô convergindo exatamente para a Sé, estação central, e pretende colocar em Interlagos, símbolo da elite mundial, através do caríssimo esporte da Fórmula I e curiosamente onde ocorrem os festivais igualmente mais elitistas e caros de São Paulo, como o festival Lollapalooza, por exemplo ??? Será que ele teve essa brilhante idéia sozinho ou está mal assessorado ?
Quem conhece São Paulo sabe que o Autódromo de Interlagos fica na região ( quase extrema ) SUL, onde não existem linhas de metrô e tampouco linhas de ônibus suficientes… É uma Virada Cultural pra ir de carro ? Bom, isso só pra começar a discussão. A idéia toda parece bizarra e desvirtua completamente o espírito do que é e ao que se presta a Virada Cultural de São Paulo.
Esperamos que o novo prefeito não leve a cabo essa mudança infeliz e deixe a Virada onde está e como está. Acessível à população e para a população. Vamos torcer !