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Em vez de se reinventar, a esquerda vai esperar
Nenhum momento é mais propício que este pra esquerda mudar

Noam Chomsky, respeitado filósofo norte-americano, em entrevista recente, disse que a esquerda não aproveitou os belos anos em que esteve no poder na América Latina. Em vez de implementar políticas econômicas sustentáveis a longo prazo, se apoiou nas commodities que anos atrás tiveram seu boom. Resultado: A Grande maioria dos países está em crise. Pior, como também dito por ele, a esquerda se uniu a interesses de milionários, com a vestimenta de salvadora dos pobres. Mesmo com progresso e melhora da população de baixa renda, se lambuzou em dinheiro sujo que tanto decantava ser prática do adversário que só pensava na elite. 

Provado que em 13 anos de um partido de trabalhadores no Brasil gerou exatamente tudo que está escrito acima, com certa erradicação da pobreza, e também dívida pública escabrosa, corrupção desenfreada, desemprego e política econômica falha, fica na imaginação das pessoas o que será da esquerda agora.

Num mundo utópico ou porque não, no mundo ideal, haveria um mea culpa. Botar a mão na consciência, entender seus erros e essencialmente, urgentemente e necessariamente mudar a postura. Com uma resolução que deveria ser a principal: se distanciar de todos envolvidos em corrupção. Simplesmente expulsar todos políticos e associados que estão com evidentes envolvimentos nos casos que estão escandalizando o Brasil. (dizem que fariam isso no PT ano passado, por iniciativa de Tarso Genro, mas a reunião acabou virando de desagravo a Lula). Isso sem dúvida criaria uma nova imagem para o eleitor que fica enojado com toda notícia que o assombra todos os dias. Uma nova vida e renascimento da esquerda aos olhos das pessoas.

Será isso feito?

Claro que não. Mundo ideal não existe na política. Pensando exclusivamente, incessantemente e claro urgindo por poder, como todos os políticos, a esquerda está em compasso de espera. A atitude vai depender de 2018.

Ainda depositária de esperanças no ex presidente Lula como forte candidato para a eleição presidencial, a esquerda prefere ter sua imagem abalada justamente pelo seu próprio ícone. Melhor ter esperança de voltar ao poder, mesmo com gente desonesta em volta, do que perder essa chance de se reconstruir e voltar por cima com sua imagem recuperada.

Obviamente, tudo isso vai por água abaixo se pesquisas mais pra frente mostrarem que o povo realmente se importa com tudo o que Lula está sendo acusado com inquérito atrás de inquérito aparecendo. Situação hipotética talvez improvável. Mas que se acontecer, não tenha dúvida, fará com que o ex presidente vire saco de pancadas de tudo e de todos. Afinal, lealdade de político tem prazo de validade. E ela acaba quando ele vê que pode afundar junto com quem apoia.

Assim, realmente e infelizmente fica difícil levar a sério a esquerda no Brasil. O que é uma pena. Nenhum momento é mais propício para uma virada de pensamento do o que vivemos agora.