Você provavelmente já ouviu que Walt Disney foi congelado não? na tentativa de viver pra sempre ou simplesmente viver em outro tempo aonde os seres humanos vivem muito mais, o gênio criador dos eternos personagens teria congelado seu corpo, processo chamado de criogenia.
A história pode ou não ser verdadeira. O filme Realive (2016) trata exatamente disso. Não sobre Walt Disney, nem sobre ser ou não verdadeira a história, mas sim sobre criogenia humana. Marc Jarvis ( Tom Hughes) , um artista de sucesso em idade jovem e em pleno ápice da vida, é diagnosticado com câncer. E pior, segundo seu médico, tem mais um ano de vida, talvez um pouco mais se responder bem ao tratamento.
A vida fica sem sentido. Ou talvez ganhe sentido. Depende da pessoa. No caso de Marc, ele prefere é tentar se preservar. Como? provocando a própria morte pra poder ser congelado nas condições exigidas para poder ser congelado e reanimado um dia. Neste processo, envolve sua namorada, Naomi (Oona Chaplin), (ou melhor dizendo a mulher que ama e o ama), inclusive deixando incumbida de todo processo após ele tomar o veneno.
70 anos depois ele é reanimado.
Nasce de novo.
Pra que exatamente?
Realive é um filme que mostra com delicadeza e crueldade a realidade da fragilidade humana. Marc renasce para um tempo que não lhe cabe mais. Não por causa da tecnologia ou por causa dos novos costumes (como por exemplo a morte do amor romântico, substituído pelo sexo ou grupos de sexo exclusivos). Mas simplesmente por causa da inevitabilidade do sentido da vida: ela só ganha cores e senso no tempo e na troca que temos e tivemos com as pessoas ao nosso redor. Não existe minha vida sem a vida dos que me rodearam desde a infância. Minha família, amigos, amores e tudo que um dia fez sentido.
Marc tem problemas de memória agora. Tudo começa a desmoronar e o sentido de estar vivo parece não existir, a não ser por sua cuidadora, Elizabeth (Charlotte Le Bon) , a quem se apega emocionalmente. E pra completar, descobre o que causou em Naomi ao longo de sua partida.
Um filme que fala de expectativas, do sentido da vida e de arrependimentos. E por outro lado, da indústria fria e lucrativa da saúde. E por fim mostra uma realidade inescapável. O único e verdadeiro sentido da vida está na sensação de amar e ser amado. Nada tem sentido sem isso. E nada deve ser priorizado que faça com que esse amor seja desperdiçado. O tempo deve ser vivido de forma plena.
O filme é dirigido por Mateo Gil, escritor e roteirista do drama “Mar Adentro”
Filme eterno.