Não é de se estranhar que La La Land não esteja em tantas salas em um mesmo lugar. Shoppings e outros. Mesmo com 14 indicações ao Oscar. Afinal de contas, é um musical. A era dos musicais acabou, e não faz pouco tempo. E estar em muitas salas, no mesmo conjunto, em épocas de desenhos 3D e de super heróis parece ser ainda pra poucos. (Se bons ou não são outros quinhentos)
Mas o número 14 é um número de respeito. Difícil acreditar que só lobby faria um filme ter tantas indicações.
A trama: Mia (Emma Stone ) serve “lattes” num café na indústria do cinema e entre testes e mais testes com diretores verdadeiramente estúpidos sonha com a carreira de atriz no cinema. Sebastian (Ryan Gosling) é um músico de Jazz (pianista) que tem a vontade de tocar o que ama e enfrenta o dilema de ter que tocar o que os outros desejam em um restaurante gerenciado por Bill (J.K.Simmons de Whiplash). Contrariado, ele não consegue seuir o que lhe é mandado e acaba despedido. Momento em que tromba com Mia ao sair do restaurante, quando esta entrou no restaurante só porque ouviu a música que Sebastian tocava e quis falar com o pianista.
Daí para frente os dois se conhecem, e juntos tentam seguir a carreira em Los Angeles. Se envolvem, e com todas as dificuldades que iniciantes tem no mundo artístico, se ajudam e se amam como é de se esperar em todo romance. Tudo isso sendo mostrado nas quatro estações do ano. E a carreira como de qualquer artista, é uma dificuldade ou até um obstáculo para o romance.
“Acima de tudo, Hollywood se expressa fortemente em La La Land. O lugar aonde até a infelicidade parece ser feliz.” Weweh Cinemaníacos
Se você não é fã de musicais ou mesmo os desgosta, não é necessário se preocupar. Se gosta de cinema dificilmente não gostará de La La Land. O filme começa já com uma boa porção de dança e cantoria de pessoas no trânsito numa rodovia em L.A. É de se imaginar daí para frente que você verá um filme cheio de canções e ensaios de dança com um monte de gente na Telona. Isso não acontece. As músicas são muito mais intimistas e personificadas pelo par romântico.
Como pano de fundo ainda temos o JAZZ, que o diretor prodígio Damien Chazelle parece ser um apreciador voraz. Sua frase o Jazz está morrendo, como vista em Whiplash, também é dita em La La Land. Ele está certo. E também no filme faz uma observação perfeita: os jazzistas de décadas atrás eram revolucionários. Hoje usar aquele Jazz é ser tradicionalista. Ele ainda é fantástico, mas não mais revolucionário. Os tempos são outros. Se verdade que hoje o popular está em voga e que a qualidade da música pode estar pior, verdade também que um artista precisa se adaptar aos tempos. Tristemente ou não.
E Damien faz isso, une o novo com o tradicional com maestria. O clima de filme antigo Hollywoodiano “musical” aliado a sua visão de cinema que realmente tem um toque de classe digno de palmas. Ele consegue fazer um filme popular e de qualidade, algo cada vez mais raro no mundo artístico (vide recente exemplo de Birdman, ótimo e total fracasso de público). E não por culpa dos artistas obviamente. Ele é a verdadeira estrela do filme.
O cinemaníaco pode questionar se o filme é tudo isso pra merecer 14 indicações ao Oscar. E não estará assim tão errado. La La Land não é um obra prima. Casey Aflleck (em Manchester à Beira Mar) e com certeza Meryl Streep (em Florence, Quem é essa mulher) com sua vigésima indicação ao Oscar e que faz cada papel tão diferente um do outro que você fica embasbacado, podem ter sido melhores que Ryan e Emma por exemplo. Mesmo com a última cena do filme encenada de forma fenomenal pelo casal (cena digna de grandes filmes que nunca saem da memória).
Provavelmente a homenagem à “Cidade das Estrelas “ com fotografia belíssima e direção cirúrgica de Damien Chazelle contribuíram para o número de indicações. E claro, o filme conta com uma trilha sonora de intensa qualidade que também jus a qualidade cinematográfica.
Mas mesmo se não for tudo isso, com certeza é TUDO aquilo e um pouco mais quando falamos de cinema. Damien Chazelle mais uma vez acerta de mão cheia com um filme excelente que te faz sair mais leve e impressionado do cinema. E dificilmente sair da memória por um longo tempo. Capacidade que só clássicos possuem.
Acima de tudo, Hollywood se expressa fortemente em La La Land. O lugar aonde até a infelicidade parece ser feliz.