Laura é coautora deste texto. Certo mesmo é dizer que ela é a dona da história.
A Laura, toda linda, já tem 5 anos! Espalma a mão no ar e a outra segura a cintura, é como se quisesse esfregar sua juventude na cara da gente. 5 anos! Imediatamente mando-a tomar seu banho, tarde da noite que está. E quase se esquecendo que já tem 5 anos, Laura retruca:
– Eu não sei tomar banho sozinha, eu só tenho 5 anos!
Ok. Ser tia é isso aí. Ensinar a tomar banho.
Foi quase cirúrgico. Bucha, bucha. Sabonete, sabone…
(duas mãos na cintura) – Eu não alcanço o sabonete, tia Flavinha!
Fala quase gritando, dá a ordem sem dar.
Na hora de lavar o pé, caiu no box.
Ser sobrinha de tia sem cuidado é isso aí.
– Eu tô bem – avisa ao mesmo tempo que se põe em pé para quase cair de novo.
Seguro. O segundo tombo seria meu diploma de incompetência.
A saga continua no quarto. Terminamos de por a roupa quando ela veio com um olhar sério e senta na ponta da cama. Joga os cabelos lisos e pretos para trás e dispara:
– Tia, vamos ter uma conversar adulto?
Senti o sangue esvaindo do meu rosto. E só Deus sabia o que vinha pela frente. E eu não tava pronta para aquilo.
– Conversa de adulto…? – Repeti devagar tentando ganhar tempo e deixando que ela se explicasse.
Ajeito-se na beirada da cama e levantou o queixo para me encarar:
– É. Me diz, como foram suas férias?
Ah! Conversa de adulto, claro! Onde eu estava com a cabeça?