Lendo o artigo “A ética na fotografia” me lembrei de algo que muito me incomoda atualmente. Celulares em punho, praticamente todas as pessoas hoje saem fotografando tudo. Diferente da situação de um fotógrafo profissional cujo trabalho pode ser exatamente o de demonstrar ao mundo situações extremas e conscientizar populações e autoridades, os milhares de fotógrafos amadores ( no sentido técnico e ético ) querem apenas se divertir e registrar os momentos vividos. Aí entra a ética humana. Vale, por exemplo, fotografar as roupas de anônimos no metrô e postar nas redes, com comentários depreciativos ?! Mesmo que não apareça o rosto do cidadão ?! Ou vale, como li recentemente fotografar a briga de um casal em um vôo e narrar a conversa, atraindo assim milhares de seguidores no twitter ?!
A fotografia, como tudo mais, se popularizou e tornou-se acessível para todos. Isso, além de baixar a qualidade técnica acaba por violar valores éticos. Num mundo cada vez mais saturado por imagens, vale a pena antes de sair por aí registrando tudo, educar o olhar e o espírito, para entender que a lente da camera amadora ou do celular não é uma extensão do nosso ego e sim um mediador, de onde acaba minha liberdade individual e começa a do outro. Quanto maior a nossa liberdade e o nosso acesso a certos privilégios, maior também a nossa responsabilidade.