Eu não me lembro qual foi o momento exato em que me dei conta de que estava de fato envelhecendo. Provavelmente foi quando percebi que certos “sonhos” ou desejos não se realizariam mais, simplesmente porque o tempo tinha passado…
Essa constatação – da passagem do tempo e das perdas irrevogáveis que ela traz – pode ser bastante desoladora. De alguma forma somos programados para continuar acreditando, bem no fundo, no íntimo, naquela pontinha de esperança que insiste em ficar , de que um dia seremos felizes ,um dia aquela pessoa vira, um dia teremos uma condição financeira melhor, um dia teremos uma família, um sitio, um carro, uma barriga negativa, lá sei eu…! O fato é que esse desejo é do “ser humano” e a medida que amadurecemos e envelhecemos ele é muitas vezes vencido pelo Tempo, essa entidade nada abstrata, que se manifesta nos pequenos sinais que o corpo dá para verdade última da nossa finitude : juntas começam a fazer ruídos, temos dores que nunca antes existiram, nos cansamos mais rápido, esquecemos palavras… Em nossa mente acende o sinal de alerta : o tempo passou… se não pude, não quis, não consegui até hoje, que dirá agora ?!
Duas coisas acontecem quando você se dá conta que o que o que você vê é o que tem. Você pode entristecer-se pelo que não foi e não será ( e muito provavelmente passará por essa tristeza ) e pode relaxar e aprender a apreciar o que tem ao invés de lamentar o que não pode ter.
Não é um aprendizado fácil. Mas também não é algo tão difícil que não possa ser realizado. Até um determinado momento, vivemos a vida como se jamais fossemos morrer, como existisse todo tempo do mundo para realizarmos nossos desejos ou esperarmos por eles, obviamente também porque a fantasia pode ser muito mais reconfortante que a realidade… Assim muitos de nós empurra com a barriga nossas vidas e nossos desejos mais íntimos…até que não há mais pra onde empurrar…
Se você por alguma razão chegou a esse lugar ou momento em sua vida pode estar perto de uma grande oportunidade : começar a viver com aquilo que é de fato, consigo mesmo, com o que tem. Pode não ser tão bonito quanto o que você sonhou pra sua vida, mas é bastante libertador… e só com liberdade podemos reinventar a vida e sonhar novos sonhos.