Quando minha sobrinha nasceu eu não imaginava que pudesse amar tanto uma criatura.
Estava feliz com a chegada de uma criança em uma família só de adultos e fui, aos poucos, reconhecendo-a como uma amiga de muitas vidas, uma alma muito familiar a quem eu amara desde sempre.
Não sei se sou um bom exemplo como tia…preocupo-me pouco em ter autoridade, dou chocolate antes do almoço, interrompo facilmente uma conversa “séria” para lhe dar atenção.
Me entrego a nossa relação como se tivéssemos uma diferença de idade 10 vezes menor do que temos e passo a ter em mente 3 coisas simples e diretas : fazê-la feliz, protegê-la e me divertir junto com ela.
Não foram poucas as vezes em que ouvi que éramos duas crianças juntas. Me adianto aos nossos encontros, pensando em quais brincadeiras inventar para ela, quais estórias contar, que surpresas fazer e me recompenso com o brilho de seus olhos incrivelmente expressivos – sorrindo tanto ou mais que sua boca.
Desejo secretamente que ela jamais conheça as maldades do mundo e que sua vida seja toda ela coroada de encontros maravilhosos, protegida pelos espíritos mais fortes e evoluídos que possam existir, para um dia tornar-se uma mulher tão incrível quanto é hoje a criança.
Sei que não posso evitar que ela sofra ou se decepcione e que um dia estarei velha demais para brincar com ela e ela madura demais para querer… Mas nossa amizade permanecerá forte e talvez, com sorte, ela siga sempre me chamando de Pati, ao invés de me chamar de tia !