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3 recomendam2 min27 de janeiro de 2014 6 minutos de leituraRush – No Limite da EmoçãoResenha sobre o filmeO cinema ligado ao esporte raramente decepciona, no boxe temos “O Vencedor”, “Gueirreiro”, “Rocky – Um lutador”, entre outros, podem falar mal do primeiro filme do boxeador e garanhão italiano Rocky, mas aquele filme é um bom drama, possui bons momentos e fez história, marcou uma geração.
Infelizmente nos esportes de corrida não tivemos tantos bons exemplares, no máximo boas cenas de perseguições e filmes que fazem você ter vontade de pisar no acelerador, como é o caso de “Bullit” de 1968, clássico com Steve McQueen. Atualmente o cinema foi invadido por filmes de carros e batidas digitais, filmes rápidos, genéricos e sem um plot interessante, sem uma carga dramática que valesse suas horas, vide “Velozes e Furiosos” que começou com rachas e carros coloridos – parecendo sair de uma caixa de sucrilhos – e hoje, já se perdendo em ser mais um filme policial onde a trama só se afunda em voltas e reviravoltas que faria uma Maria do Bairro parecer um Tarantino. Não que fosse bom algum dia, mas hoje em dia considero essa franquia totalmente dispensável, minha opinião.
Rush é a prova de que ainda há um certo reduto de emoções e vísceras para se trabalhar. O filme conta a rivalidade que existiu entre James Hunt e Niki Lauda, dois exímios pilotos de F1, uma história tão fascinante, incrível e até divertida, merecia ser retocada no cinema, mesmo com ares de carga dramática e apelos hollywoodianos para que se possa vender melhor o filme, Niki Lauda, ao assistir a obra, disse com todas as letras que pouca coisa está diferente, que em tudo conseguiram refletir o que ele viveu sem precisar fantasiar muito.
Niki Lauda, vivido pelo simpático e competente Daniel Brühl, é uma maquina austríaca, uma espécie de engenharia muito bem lubrificada e perseverante, calculista e até frio, brada a bandeira dos feios, dos pequenos, dos que são desvalorizados e subestimados por conta de sua aparência esguia, fraca e as vezes até doente, é uma perfeita arma todo esse arsenal físico já que a primeira reação ao vê-lo é subestima-lo e desdenha-lo da forma mais cruel possível, ledo engano, o potencial criativo, insistente e metódico do personagem – vale para a figura real- é de uma agilidade, competência e firmeza que assusta qualquer um. É um homem/personagem exemplo, gosto muito quando se vê sem dinheiro da família e resolve fazer um grande empréstimo apostando na única coisa que tem certeza na vida: Seu talento. As vezes um homem quer trabalhar duro, suar, mas a falta de recursos provém estagnação, o infeliz deixa de ser o que quer ser por medo de arriscar, Niki lauda seria só mais um ótimo motorista se não apostasse em si mesmo. Preciso destacar também que Brühl ficou parecidíssimo com Niki Lauda, um grande trabalho de maquiagem, de figurino e claro, um grande trabalho de atuação que merece muitos prêmios, até a impostação de voz foi muito bem trabalhada para se igualar a voz robótica e fria de Niki Lauda.
Apesar do profissionalismo e do controle, a vida lhe presenteou com uma marca eterna após o seu terrível acidente, depreciando ainda mais a sua aparência, que, naquela altura do campeonato, já não importava mais, o homem vai além do espelho, a paixão vai além do coração, mesmo saindo seriamente machucado do acidente, perdurou um bom tempo disputando títulos e títulos, é mesmo uma figura inspiradora.
As cenas de perseguições, os cortes, as variações no humor, a maquiagem, as maquinas da época, tudo está no ponto certo para nos prender na cadeira, Ron Howard sabe mesmo o que está fazendo no posto de diretor, senti uma certa nostalgia de uma época que não vivi ao ver aqueles carros antigos da F1.
James Hunt, vivido pelo boa praça Chris Hemsworth, é a figura “Rock and Roll” do filme, divertido, beberrão, carismático, galã, esse era James Hunt, o mito da F1 que infelizmente já faleceu a mais de 15 anos após boas batalhas em cima de pneus. Em recente biografia, foi revelado que o senhor Hunt fez uma orgia com 33 aeromoças antes de ganhar o título, costumava ser brincalhão, farrista, adepto do movimento “Live Fast, die Pretty”, teve problemas com drogas, bebidas e outras coisas que fazem o coração enfraquecer, e foi justamente isso que o matou aos 45 anos, um coração fraco de festas e loucuras. Como disse Niki Lauda: Viveu todos os dias como se fossem últimos dias.
Diferente de Lauda (Brühl), contava com uma equipe que ia além do profissional, enquanto lauda era cercado por engenheiros, profissionais do esporte e empresários, Hunt (Hemsworth) era cercado por amigos, mulheres, pessoas que, ao mesmo tempo que queriam provar da taça e bebida do campeão, queriam também prestigiar e encorajar seu sucesso.
Um piloto com um talento incrível, rápido, insano e feroz, faz jus ao seu sobrenome, compõe muitas cenas divertidas, balanceando muito bem a carga dramática com humor. Chris Hemsworth merece um destaque, para quem achava que ele não iria além do Thor, está aí a prova de que o sujeito quer estar onde está, pode crescer muito ainda, mas aqui, já se mostrou suficiente.
Apesar do maniqueísmo físico do filme, um com cara de príncipe e outro com cara de sapo, apesar de beirar a fantasia, tudo aconteceu, felizmente e infelizmente a vida contou essa história, é possível ver alguns fatos reais no youtube, até pequenas cenas que aparecem no filme, cenas interpretadas pelos atores, estão lá, vividas pelos personagens reais dessa história. É um filme arrebatador e ao lado de “Gravidade”, figura entre os melhores de 2013.
Gosto muito do dialogo final entre os personagens, a ideia da disputa, de que É PRECISO ter um concorrente na vida, só vendo o sucesso da concorrência que decidimos melhorar, a provocação nos instiga, o desafio nos faz melhorar, o inimigo nos faz caçador e também nos faz caça.
“Mar calmo demais não faz um bom marinheiro” – já dizia uma amiga numa fase ruim da minha vida, é preciso ruas tortas para aprender a curvar, picos para poder escalar e uma vida cheia de desafios para algum título você ganhar.
Ótimo filme, nota 10!
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